quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Capítulo 18 - Damas em Xeque


Cemitério de Santa Margareth, 19h00.

É uma noite abafada, com uma chuva fraca e inconstante caindo sobre aqueles que velam os mortos. Um enterro em uma cidade pequena é sempre um acontecimento, e a quantidade de pessoas presentes não deixa a desejar. Uma multidão de rostos apáticos em trajes negros, é essa a visão que Adam encontra ao sair de sua limousine, uma multidão de olhares curiosos e comentários maldosos, mas tudo isso não foge do esperado. Ele faz cumprimentos contidos e educados enquanto abre caminho por eles, em um terno preto como seus cabelos presos, se esforçando para demonstrar pesar pela morte do jovem Barry Freeman, ao invés de sorrir agradecido por quem quer que tenha feito isso.

Deixo de matá-lo, e mesmo assim ele morre tão pouco depois. Algumas coisas simplesmente tem que ser, Adam pensa.

— Meus sentimentos, senhor Freeman. — Ele diz, enquanto aperta a mão do homem grande e gordo, mas hoje, seriamente abatido. — Que sua família possa encontrar a ... — Sua voz é cortada quando o homem o puxa para um abraço que deixa o vampiro desconcertado.

— Obrigado por vir, Tepes. — diz Wally Freeman, olhos fundos de muito chorar — Fiquei sabendo que meu garoto e você andaram se estranhando, por isso eu fico grato de verdade por ter vindo ao funeral dele.

Observando à tudo, a verdadeira responsável pela morte do jovem cujo corpo foi devorado, e que a polícia só encontrou os ossos recentemente: Evelyn. Ela se diverte intimamente com a cena, deliciando-se em seu papel de amiga sofrida. Em um conjunto preto ousado, encara o vampiro contra o qual lutou faz pouco tempo, imaginando o que ele faria se soubesse o que ela é realmente.

— Evelyn, pelo menos disfarça. Dá pra notar seu sorriso. — Reclama Claire, beliscando o braço da amiga. Claire está em um vestido preto formal, com seus cachos loiros em coque, sem nenhuma joia e com maquiagem leve. Está magoada com o rapaz, mas ainda se lembra de como foram amigos quando crianças.

— Tô aqui rindo da sua cara, quando o Conde Drácula vier falar com você. — Ela diz, estudando a face da amiga, notando o nervosismo e ansiedade misturados nela. — Só espero que não esqueça o que ele te fez, e vá querer fazer papel de otária.

— Como se eu pudesse esquecer...