sexta-feira, 24 de julho de 2015

Capítulo 13 - Buscando Respostas


No estacionamento do restaurante recém inaugurado, o xerife Carlson está pensativo. De uniforme e estrela dourada, se escora na viatura policial enquanto fuma calmamente um charuto.  Com a luz de um poste reluzindo em sua cabeça calva, usa as grossas costeletas e bigode para servir de distração para os dedos da outra mão. A policial Emma está aguardando dentro do carro, enquanto sorri ao ver as chamadas não atendidas do celular (todas do noivo). Uma jovem de vinte e cinco anos, baixa estatura, cabelos ruivos em rabo de cavalo e olhos castanho-claro, com curvas meio escondidas pelo uniforme de trabalho.

O homem entra na viatura ainda desatento, seu peso afundando o banco, e o charuto empesteando o ar. O olhar de censura de sua parceira de trabalho o faz se livrar do fumo, um tanto contrariado.

 — Você é chata mesmo, hein, garota! — ele resmunga.

— “Chata” seria a quimioterapia pra tratar o câncer que esse seu charuto pode me dar. — diz ela, enquanto sorri ironicamente.

A policial liga o carro enquanto observa os papéis nas mãos do xerife: formulários, relatórios e dados, e o homem com o mesmo ar pensativo.

— Quem diria que o Conde Drácula estaria envolvido na morte da freira, hein? — Ela diz, pegando a estrada. — Os repórteres vão ficar doidos quando souberem!

— Ninguém vai saber de merda nenhuma! — Grita ele, enquanto desabotoa a parte de cima da camisa estufada. — Por hora, ele é só um dos suspeitos, e temos outros dois.

— A acompanhante do Tepes e o tal sujeito que sentou na mesma mesa da freira, certo?

O xerife está puxando a costeleta, olhar perdido.

— Principalmente o sujeito. Ele saiu junto da madre por aquela porta, logo depois do Adam Tepes ter saído com a mulher de vestido. Ele é o principal suspeito, no mínimo, uma excelente testemunha.

— Se o bendito lugar tivesse uma câmera, facilitaria o trabalho pra identificar. — suspira Emma.

— Ao menos o garçom aceitou fazer um retrato falado. Logo, logo, a gente descobre a cara do indivíduo. — Fala o xerife, enquanto vê o charuto que leva por reflexo a boca ser “tecado” para fora do carro.

— ...mas você é mesmo chata, hein!

— O senhor já disse isso xerife, não seja repetitivo. — fala Emma, sorriso debochado no rosto.

domingo, 12 de julho de 2015

Capítulo 12 - Morcegos e Cães


Castelo Tepes, 18h00.

Em um quarto totalmente escuro, o vampiro abre os olhos para mais uma noite no novo mundo em que acordou; na Inglaterra do ano de 2014, em uma pequena e isolada cidade chamada Bleak Hill. Uma taça de sangue o ajuda a começar a noite, enquanto Lincoln se encarrega dos mínimos detalhes que cercam seu mestre, principalmente dos que envolvem o fato dele ser um vampiro. Pratos de comida que nunca serão comidos, suposto trabalho intenso no escritório particular, falsas saídas diurnas por negócios... Adam sempre levantará suspeitas, cabe ao mordomo impedir que elas se tornem algo além de boatos e piadas.

Trágico. Retornei para estar com você, Marie, e após tão pouco tempo já estamos separados.

O jovem caminha pelo jardim que mandou restaurar na parte de trás do castelo, longe dos olhos de estranhos (o que inclui todos fora o mordomo). Árvores, flores e animais, uma combinação de elementos que busca trazer vida a um lugar tão fúnebre como o seu castelo, e a alguém tão morto quanto ele.

Foi sua a ideia das flores, mandei plantarem de todos os tipos que você escolheu naquela época. Será que ao vislumbrá-lo, algo em você se lembrará, Claire?

Vestindo apenas uma calça larga e de pés no chão, o rapaz de eternos vinte anos, olhos azuis, longos cabelos negros e corpo atlético se move furtivamente pelas trevas da noite. Uma oportunidade de testar seus instintos de caçador. Adam sabe já ter derramado muito sangue em batalha, durante sua longa existência, mas não sabe exatamente o quão preparado está para fazer isso de novo. Após algum tempo na espreita, ele ouve os sons de uma pequena criatura. Com alguns movimentos rápidos, consegue encurralar o pobre esquilo, de coração acelerado e desesperadamente buscando uma rota de fuga. Ao se ver acuado, mostra os dentes para seu predador.

Que criaturinha ingênua, tentando lutar contra uma força a qual não pode resistir. Somos iguais, lutando contra nosso destino, sem qualquer chance de sucesso.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

Capítulo 11 - Coisas de Família



            Nesse capítulo eu encerro a apresentação do Andy Valentine, com direito a muito sangue e lembranças do passado. Espero que gostem, cientes que Adam e companhia voltam no próximo capítulo.

          Obrigado a você que lê essa história, ficarei muito feliz se comentar deixando sua opinião sincera sobre o que está achando dela. 

Em um pátio de escola, um menino de oito anos desvia o olhar da mãe. Com o uniforme sujo de lama e sangue, o rosto machucado e os punhos fechados, o pequeno Andy se prepara para ouvir o sermão. A mulher tem apenas vinte cinco, com cabelos negros e olhos claros — como os herdados pelo filho — usa blusa social e calça jeans, com um sapato que bate nervosamente no chão.

— Não acredito que você fez isso de novo... que vai ser expulso de outra escola! — Olhos cheios de raiva, pausa para fumar. — Mas o que que tu tem nessa cabeça, moleque? Merda!?

— Eles que provocaram. — ele diz, seco. — Se alguém me provoca, eu bato mesmo! — Sorriso desafiador no rosto.

Um tapa faz o menino dar um passo para traz. Sua mãe treme de raiva enquanto se aproxima e aperta o seu rosto com força, olhos com lágrimas e voz tremida, enquanto diz:

Quem tá provocando aqui é você! — ela grita, sua voz ecoando pelos corredores da escola. — Será que não sabe ficar sem arrumar problemas, seu merdinha!?