sábado, 25 de abril de 2015

Capítulo 2 - Humanidade perdida


Castelo Tepes, arredores de Bleak Hill.

Em um quarto de grandes dimensões e iluminado apenas por um castiçal de velas, Adam encara o espelho enquanto prova um terno.

— Tem certeza que essas são as roupas apropriadas para um cavalheiro inglês? — pergunta o homem de longos cabelos negros na altura da cintura e olhos azuis que refletem o tremeluzir das chamas.

— É um legítimo Armani, Senhor Tepes, um terno digno de seu status. — responde Lincoln, um homem de sessenta e seis anos, cabelos grisalhos, barba aparada e roupas elegantes.

Adam sorri satisfeito, começando a se sentir à vontade com as novas roupas. Já faz uma semana desde que voltou do túmulo, noites de descobertas e aprendizado constantes. Luz elétrica, televisão, rádio, telefone, internet... é tudo uma grande novidade para ele, o conhecimento humano deu um salto inimaginável nesses últimos três séculos.

— O homem foi capaz de vencer grandes barreiras através da inteligência, Lincoln, acredite quando digo: em breve, nem você me distinguirá de um jovem do século XXI!

— É claro que sim, senhor. — responde o homem, num misto de incredulidade e sarcasmo. 

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Capítulo 1 - Promessa de Sangue


Inglaterra, 1715.

Em uma noite fria e chuvosa, ele caminha por uma centena de cadáveres. Seus longos cabelos negros encharcados, suas roupas ensanguentadas, sua espada, pronta para ser usada ainda outra vez. Exausto, ele chega aos portões do próprio castelo, antes uma fortaleza segura, agora, um lugar tomado por fanáticos.

Aberração! Demônio! — O grito vem acompanhado de um golpe de machado na altura do peito. O homem que o ataca é maior e mais robusto, barba e cabelos ruivos, seu golpe com força o suficiente para partir seu tronco em dois.

A lâmina faz um corte profundo no peito do jovem que, desviando da morte certa, encrava a espada na garganta do seu agressor. Depois, chuta o corpo sem vida para fora do portão de entrada.

— Saia...da minha…casa. — Ele fala com dificuldade, caminhando por um castelo banhado em chamas e sangue. Seu castelo.

Após o que parece uma eternidade, ele a encontra: seu motivo para matar, seu motivo para existir.