sábado, 25 de abril de 2015

Capítulo 2 - Humanidade perdida


Castelo Tepes, arredores de Bleak Hill.

Em um quarto de grandes dimensões e iluminado apenas por um castiçal de velas, Adam encara o espelho enquanto prova um terno.

— Tem certeza que essas são as roupas apropriadas para um cavalheiro inglês? — pergunta o homem de longos cabelos negros na altura da cintura e olhos azuis que refletem o tremeluzir das chamas.

— É um legítimo Armani, Senhor Tepes, um terno digno de seu status. — responde Lincoln, um homem de sessenta e seis anos, cabelos grisalhos, barba aparada e roupas elegantes.

Adam sorri satisfeito, começando a se sentir à vontade com as novas roupas. Já faz uma semana desde que voltou do túmulo, noites de descobertas e aprendizado constantes. Luz elétrica, televisão, rádio, telefone, internet... é tudo uma grande novidade para ele, o conhecimento humano deu um salto inimaginável nesses últimos três séculos.

— O homem foi capaz de vencer grandes barreiras através da inteligência, Lincoln, acredite quando digo: em breve, nem você me distinguirá de um jovem do século XXI!

— É claro que sim, senhor. — responde o homem, num misto de incredulidade e sarcasmo. 



[...]


Para o vampiro, ter Jonathan Lincoln à sua disposição parece ser uma forma dos céus compensarem um pouco do mal que lhe afligiram. Afinal, de que outra forma ele encontraria alguém confiável para lhe apresentar a esse mundo novo, sem ser tomado por louco?

O encontro entre os dois se deu na manhã seguinte ao despertar do vampiro, quando o idoso fazia a vistoria rotineira após esse tipo de festa. Recolhendo garrafas quebradas e latas de cerveja, o homem seguiu o rastro de sangue que levava até o cômodo acima das escadas, dando de frente com um homem com roupas de época, longa cabeleira e pele pálida, deitado na cama de um quarto arrombado. Lincoln quase teve um ataque cardíaco!

— É real ... você é real. — Ele disse, ajoelhando-se e levando as mãos ao rosto do vampiro, lágrimas em sua face enrugada. — Adam Tepes, o imortal dono desse castelo... enfim retorna a casa.

Quando Adam despertou, horas depois, encontrou um homem de idade diante dele, sorriso no rosto e postura de reverência.

— Sou Jonathan Lincoln, o sétimo a suceder Willian Connor como guardião do seu castelo. Cada um de nós fez o melhor que pôde para guardar seu túmulo até que o senhor acordasse. — Diz o homem, com emoção genuína na voz, diante de um Adam surpreso. — Me sinto feliz como uma criança por ser testemunha do retorno daquele a quem jurei servir ainda na infância.

— Prazer Lincoln, é bom estar de volta. — Ele diz, e ajuda o homem a se erguer.

— Will, tio e tutor de Marie, foi o responsável por isso, então? Cuidar do meu corpo e castelo?

— Sim, segundo os registros, ele só chegou a esse lugar após a tragédia, senhor. Sepultou a senhora Marie Winnicott e depois o colocou em um sarcófago protegido do resto do mundo. Ele tomou como missão pessoal cuidar de tudo até que o senhor voltasse, e como isso demorava, decidiu adotar uma criança que tomasse seu fardo após sua morte. Essa tradição foi seguida pelo seu sucessor, e isso até chegar a mim.

Enquanto Adam é apresentado a banheira, pasta de dentes e roupas limpas, ouve atentamente sobre como Lincoln recebeu um castelo já em estado precário, com rachaduras, infiltrações e até mesmo áreas semi-desmoronadas. Alugar o imóvel para sediar festas, casamentos e farras de universitários foi a forma que ele encontrou de se manter e ao mesmo tempo cumprir seu objetivo.  

— Você cumpriu seu dever, Lincoln, agora venha comigo. Vamos ver se temos sorte. — Diz o vampiro, enquanto caminha por áreas do castelo já interditadas.

Quando Adam revelou a câmara secreta, Lincoln ficou estupefato!  Armaduras medievais, coleções de armas, moedas de vários países, anéis, colares, braceletes, pedras preciosas...uma verdadeira fortuna!

— Connor sabia sobre isso e não usou, ele era mesmo um homem raro. — Adam disse, sorrindo para um homem cujas pernas tremiam de nervosismo.  — Está ai minha riqueza, confio tudo em suas mãos, Lincoln. Reerga este castelo, contrate empregados, invista o dinheiro, torne possível meu retorno a esse mundo com dignidade!

Adam caminhou entre os objetos brilhantes, parando diante de um quadro em que ele e sua esposa sorriam de braços dados. Então, disse:

— Preciso reerguer minha casa e entender esse mundo antes de ir até ela. Não posso correr o risco de assustá-la, como posso ter feito em nosso primeiro encontro.

— Uma decisão acertada. — diz o homem de cabelos grisalhos. — O senhor tem a beleza, o poder e a dignidade, só lhe falta o conhecimento. Aproveitemos para corrigir isso.


[...]


Foi com o coração acelerado que Claire Winnicott atendeu a ligação pela qual esperou por toda a semana. Não que sua voz traísse alguma parte desse sentimento.

— Sim, é a Claire. Quer dizer que vai querer mesmo conhecer nossa cidadezinha, Adam? É, lembro de ter prometido fazer papel de guia sim. Hoje? Lamento, tenho compromisso hoje. Amanhã daria pra você?

Ligação encerrada, ela era toda alegria, segurando o celular numa mão e acariciando uma gata gorda com a outra.

Como ele pôde me fazer esperar pela droga de uma semana inteira? Tenho que manter um mínimo de amor próprio... se quer me ver, que espere, pensa ela.


[...]


As 19h00, uma limousine preta para em frente à praça central da cidade, pouco frequentada nesse horário. No banco de madeira, a jovem Winnicott está entretida com o celular, sem notar a aproximação do “estranho do castelo”.

— Boa noite, Claire. — diz Adam, terno novo e sorriso na face. —  Você está linda.

A garota se atrapalha e quase deixa o celular cair, depois sorri sem graça para o dono da cama em que caiu de bêbada, tentando não pensar sobre ter vomitado no chão do corredor dele. É uma noite fria, ela usa uma jaqueta curta e saia jeans com botas.

— Obrigada, você também está ótimo. — ela diz.

Ele se aproxima, segura a mão da garota e beija respeitosamente. Ela sorri com o gesto, seu sorriso o levando até muito tempo atrás...

— Então, vamos de limousine? Nossa, você é mesmo um sujeito bem chamativo, hein! — Diz ela, enquanto brinca com o terno dele.

— Eu voltei para esse lugar depois de muitos anos, desculpe se pareço meio antiqua... — Adam trava! Uma presença sinistra que não sentia à mais de trezentos anos se faz presente. A presença de outro como ele, de um vampiro.

Ele olha em volta, mas não encontra ninguém suspeito.

— Algum problema? — Claire pergunta, sorriso zombeteiro, devido a expressão assustada que ele fez.

— Desculpe, pensei ter visto um conhecido.

Eles riem, ela cumprimenta Carlos, o motorista latino, e entram no carro para um tour por Bleak Hill. O veículo viaja em ritmo lento, janelas abertas e Claire apontando para casas, monumentos, e pessoas: 

— Essa é a mecânica do Duncan, ele trabalha ai com a irmã pentelha dele. — Risos. — Precisando trocar o pneu, é o lugar certo.

— Essa é nossa igreja, o padre tem aquela carinha de vovozinho que não tem como não gostar. No fim da rua, mora a senhora Maryeth, uma velhinha com mais de cem gatos! Eu adoro gatos, até mesmo adotei minha gatinha com ela, mas a velhinha já passou do limite do que é saudável pra ela e os bichanos. Acho que ela precisa muito de companhia, tadinha.

O tour durou cerca de duas horas, com explicações sobre pessoas, bares, padarias, praças e instituições que o Adam guardava 50%, perdendo o resto das informações enquanto olhava para ela, concordando com o que quer que falasse e vez ou outra fazendo algum comentário.

A garota estava a ponto de encerrar o passeio quando recebeu uma ligação.

— Hummm... não sei, deixe-me ver aqui. — Tapa o celular com a mão e pergunta baixo. — Adam, minhas amigas me ligaram avisando sobre uma festa surpresa que está rolando na casa de uma conhecida, e eu fui intimada a passar por lá. O que acha de vir comigo? Seria uma boa chance de conhecer outras pessoas da cidade.

O olhar dela não lhe deixou nenhuma escolha.

— É, creio que seja uma boa oportunidade. Vamos lá então.

— Vou acompanhada de um amigo, ok? — Ela fala ao celular, depois fica sem graça com alguma coisa que falam do outro lado da linha. — É Eve, um amigo.       

Em poucos minutos estavam no lugar, música alta, carros e motos em volta de uma casa verde de dois andares, meia-dúzia de jovens do lado de fora, tomando cerveja e rindo, e todos parando de repente para observar quem sairia da limousine preta que acabara de chegar.

Claire fica ruborizada, ciente de todos os olhos sobre si, incluindo o daqueles que começam a colocar a cabeça para fora da janela, avisando uns aos outros sobre o veículo. Então duas garotas aparecem na porta, rindo e cochichando entre si, e vão na direção dos dois. Uma jovem, negra e atraente, de vestido curto, e uma morena de top e minissaia, ambas se cutucando para ficarem sérias.

— Olha amiga, quem é esse gatão que você trouxe pra festa? — Diz Evelyn, a garota de vestido e melhor amiga da Claire.

— Então meninas, esse é Adam Tepes, o rapaz de quem falei outro dia.

— O dono do castelo!? — Ela pergunta, alto o suficiente para todos ao redor ouvirem. — Você trouxe o melhor presente da noite, miga! — Ela diz, sorridente, enquanto agarra o vampiro pelo braço e o puxa para dentro da casa.

Deixam para trás a garota Winnicott e a outra amiga, que a enche de perguntas. O som alto incomoda os sentidos aguçados do vampiro, os corpos suados dos jovens se agarrando ao seu redor, assim como o calor do corpo da jovem contra o seu próprio começam a mexer com seus instintos de predador. Só então se dá conta do quão faminto está, sem se alimentar há dias. Para piorar, sente a presença sinistra novamente, dessa vez mais próxima.

— Nunca te vi antes, pretende ficar na cidade? — Ela pergunta, enquanto o puxa mais para o centro da casa, pegando uma bebida no caminho.

Ele se esforça para manter a boca fechada, pois sente que as presas já teimam em aparecer. Mas responde com dificuldade:

— Essa é minha cidade agora... vou ficar.

— Diz a verdade, você e a Claire ficaram naquela noite, não foi? — Ela fala ao ouvido dele, seios pressionados contra seu corpo.

Adam sente que está perdendo o controle, a voz da garota aos poucos perdendo o sentido, apenas o som do coração acelerado e suas veias expostas importando, o sangue precioso e irresistível se tornando uma tentação poderosa! Ele começa a tentar se afastar da garota, porém ela não deixa, o puxando para mais perto de si, corpos colados, ao ritmo da dança daqueles que os rodeiam.

— Não tão rápido, gatinho. — Evelyn fala, seus grandes olhos o encarando com um estranho interesse. — Você parece um cara muito... interessante. Prometo manter os olhos bem vivos em você.

O corpo atraente e convidativo da Evelyn encostando no seu, o suor, a música, tudo parece ser uma armadilha diabólica para revelar o monstro. Ele afasta o rosto dela, tentando esconder as presas já visíveis, tentando se focar em algo que possa impedi-lo de pôr tudo a perder. E então ele encontra: Claire, parada em frente a eles, tentando escapar da enxurrada de perguntas dos amigos ao seu redor e encarando o casal com um olhar de poucos amigos. Sua salvação.

— Olá... Evelyn. — Claire diz, encarando a amiga.

Evelyn sorri, enquanto puxa a amiga na direção do vampiro, trocando assim de lugar.

— Tava só aquecendo o gato pra você, Clairzinha. — Ela fala, sorriso zombeteiro. — Acho que agora ele já tá no ponto.

Tanto o Adam quanto a Claire parecem sem graça com a situação, mas ele ao menos pôde suspirar aliviado. Graças a Claire, reassumiu o controle. 

— Sua amiga é um tanto...

— Desculpe por isso. Minhas amigas são doidas! — Ela diz, e então percebe que apesar de tudo eles ainda estavam colados. E fica corada.

De repente o som da festa abaixa, e todos olham para a garota que tenta chamar a atenção deles.   

— Gente, esse é o Adam, amigo da Claire e dono daquele castelo enorme no alto da colina. — Grita Evelyn. — Deem boas vindas pra ele!

Um momento de silêncio, seguido de um grito em uníssono:

— Bem vindo, Adam!

Todos riem, levantando os copos e garrafas para o alto. A maioria segue dançando, enquanto o casal tenta abrir caminho até a parte de trás da casa. Mas uma dezena de jovens faz questão de ir atrás deles, e ai segue-se uma chuva de perguntas de todos os lados. Após quinze minutos de interrogatório, Adam seguindo um roteiro já decorado, ele consegue se afastar do grupo, pois “precisa de um pouco de ar”.

— Você tá bem? — Claire pergunta, segurando no ombro dele.

— Um pouco indisposto, nada demais. — Ele responde, tentando esquecer da sede e se concentrando no belo sorriso à sua frente. — Seus amigos são divertidos, mas eu ainda prefiro ficar só na sua companhia.

Ela dá um sorriso sapeca, se escorando na parede do lado de trás da casa.

— Não rolou mesmo nada entre a gente, né? Minha cabeça ainda tá uma bagunça. — Ela pergunta, se aproximando dele.

— Não. — Ele diz, passando as mãos pelo cabelo dela. — Naquela noite não...

Ele leva as mãos ao rosto dela, os dois fecham os olhos, e aproximam os lábios um do outro. O coração da garota acelera na expectativa, ele pode ouvi-lo batendo, e mesmo assim não lembra da sede. Ele apenas a deseja, mas não como fonte de sangue. Quando estão próximos o suficiente para sentirem a respiração um do outro... ele para. Pois sente algo que pode pôr em risco a única pessoa com quem se importa.

— Adam Tepes, correto? Que nome curioso esse seu. — Voz de mulher, interrompendo o casal à um passo do beijo. — Posso falar com você um minutinho?

Adam olha para ela, perturbado por não perceber a presença da vampira tão perto de si. Tão perto da Claire.

— Não acho que seja uma boa hora... — Claire começa a frase, olhar assassino, mas é interrompida pelo toque do Adam em seu ombro.

— Claire, vou pedir que aguarde um momento. Foi ela a pessoa que pensei ter visto aquele momento na praça, preciso resolver um assunto urgente.

— Aaahhh, tá. Claro que sim, com certeza eu aguardo. — Ela diz, enquanto se afasta, entrando no salão.

A mulher à sua frente é muito atraente, Claire tem toda razão em ter ciúmes, ele percebe. Cabelos castanhos em rabo de cavalo, um vestido justo que deixa os belos seios em destaque, olhos que parecem examinar cada minúsculo detalhe seu. Uma vampira, sem dúvida.  

— Esse é o nome que herdei, e você seria...? — pergunta Adam Tepes, intrigado com seu primeiro contato com um vampiro do século XXI.

— Jeanne Hillton, é um prazer. — Mão estendida para apertar a dele.

— O prazer é meu. — Adam beija a mão dela, e sente que cheira a sangue.

— Parece um pouco abatido, senhor Tepes — Diz ela, enquanto se posiciona ao seu lado. — Será que posso te dar algo para beber? — Um olhar malicioso e ele percebe o sangue nos lábios dela, assim como o rapaz inconsciente no banco, à poucos metros. Respingos de sangue na roupa.

— Dispenso, creio que posso beber por conta própria. — Diz um Adam que usa todo o autocontrole que possui, ao sentir o demônio interior as portas.

— Uma pena, tanta gente nessa festa, tantas opções diferentes. Poderíamos secar tudo. Taça por taça, até a última gota. — Ela o rodeia, como se estudasse suas reações.

— Eu disse não. E não gosto de me repetir. — Ele diz, olhos vermelhos e presas a mostra.

Ela ri, então retira da bolsa um pequeno cartão, e diz:

— Que pena, querendo falar sobre negócios, é só me ligar. Prometo que não ficará entediado.

Adam pega o cartão e o põe no bolso, enquanto volta para dentro da casa.

Após algum tempo rodando pelo lugar, encontra Claire, conversando com as amigas, com um sorriso forçado no rosto e bebendo. Quando ela o nota se aproximando, começa a caminhar rumo a entrada. Um momento depois estão os dois na porta, Claire com uma irritação mal disfarçada transformada em frieza, e Adam com mãos que começam a tremer pela necessidade de sangue.

— Está melhor, Adam? Já resolveu seu problema? — pergunta a garota, após um gole da bebida.

— Era um assunto realmente urgente, e para falar a verdade, não estou muito bem. Creio que a viagem de carro me deixou enjoado.

— Então é isso, Adam. — Claire começa. — Essa é Bleak Hill, nem há muito mais o que mostrar. Acho que com isso eu cumpri meu papel como sua guia, e você até mesmo já fez amigas, logo, logo será muito popular por aqui! — Um sorriso forçado e ela fica de lado. – Até qualquer dia.

Depois de três passos ela sente uma mão segurando a sua, assim como seu corpo sendo puxado contra o dele. O vampiro a beija intensamente, olhos nos olhos, ela reluta por um breve instante, mas logo se entrega. E por um momento os dois são tomados por um sentimento muito forte, poderoso e antigo. Algo que ela não consegue explicar, ou sequer entender. Após um longo beijo, ela afasta o cabelo do rosto, sem graça.   

— Não vá embora, não ainda. Quero vê-la muitas vezes a partir de hoje, Claire, e espero que aceite isso como um sinal da minha gratidão pela sua companhia. — Ele coloca a mão no bolso, e de lá retira um colar em forma de cruz, muito bonito. Então coloca a cruz no pescoço dela.

— Eu não... não posso aceitar isso, parece muito caro. Nós... nós mal nos conhecemos, Adam! — Olhar de quem diz isso, mas sente diferente.

— Pelo contrário, sinto como se já nos conhecemos há muito tempo. — Ele diz, enquanto beija novamente uma garota totalmente sem reação. — Agora realmente preciso ir.

Ele se afasta em direção ao carro que some no escuro da noite, deixando uma garota com um sorriso bobo no rosto.

[...]


Pouco depois.

Adam Tepes anda em direção a limousine que passou os últimos minutos a sua espera na beira da estrada, à cerca de cinco minutos de distância da festa. Numa área mal iluminada e cercada pela vegetação nativa e com um motorista impaciente o aguardando.

O carro volta então ao seu destino, deixando para traz uma garota bêbada e inconsciente, que quando acordar vai se sentir muito fraca e indisposta. Enquanto o carro come a distância entre a vítima e o castelo, Adam Tepes olha para o nada, com ar melancólico:

Eu sou um monstro Claire, uma besta que se alimenta de sangue humano. Marie me amou como ninguém mais, mas eu sei que você é só parte ela. Será que essa parte poderá me amar? Amar um monstro?


[...]


Não muito distante...

Uma tv ligada é a única iluminação de um porão escuro, onde um homem se encontra atrás de uma pilha de livros, observando atentamente ao noticiário local. As imagens mostram uma equipe de operários reformando o velho castelo da cidade:

... e pelas nossas fontes, o castelo e suas imediações estão sendo totalmente reformados por um indivíduo chamado Adam Tepes, suposto proprietário do imóvel. Após séculos de deterioração, já é possível notar uma grande melhora estrutural, o que é sem dúvida uma boa notícia para aqueles que veem no castelo o maior ponto turístico da cidade...

O homem deixa cair o velho livro que analisava no chão, se ergue e olha atônito para a tela.

— Tepes!? Sério mesmo? Seria...aquele Tepes?

Ele sorri, um olhar maligno e confiante. — Precisamos nos conhecer, senhor Tepes. Temos muito para conversar sobre sua chegada à nossa boa cidade de Bleak Hill.

Nenhum comentário:

Postar um comentário