Castelo
Tepes, arredores de Bleak Hill.
Em um
quarto de grandes dimensões e iluminado apenas por um castiçal de velas, Adam
encara o espelho enquanto prova um terno.
— Tem
certeza que essas são as roupas apropriadas para um cavalheiro inglês? — pergunta
o homem de longos cabelos negros na altura da cintura e olhos azuis que
refletem o tremeluzir das chamas.
— É
um legítimo Armani, Senhor Tepes, um terno digno de seu status. — responde Lincoln,
um homem de sessenta e seis anos, cabelos grisalhos, barba aparada e roupas
elegantes.
Adam
sorri satisfeito, começando a se sentir à vontade com as novas roupas. Já faz
uma semana desde que voltou do túmulo, noites de descobertas e aprendizado
constantes. Luz elétrica, televisão, rádio, telefone, internet... é tudo uma
grande novidade para ele, o conhecimento humano deu um salto inimaginável
nesses últimos três séculos.
— O
homem foi capaz de vencer grandes barreiras através da inteligência, Lincoln, acredite
quando digo: em breve, nem você me distinguirá de um jovem do século XXI!
— É
claro que sim, senhor. — responde o homem, num misto de incredulidade e
sarcasmo.
[...]
Para
o vampiro, ter Jonathan Lincoln à sua disposição parece ser uma forma dos céus
compensarem um pouco do mal que lhe afligiram. Afinal, de que outra forma ele
encontraria alguém confiável para lhe apresentar a esse mundo novo, sem ser
tomado por louco?
O
encontro entre os dois se deu na manhã seguinte ao despertar do vampiro, quando o
idoso fazia a vistoria rotineira após esse tipo de festa. Recolhendo garrafas
quebradas e latas de cerveja, o homem seguiu o rastro de sangue que levava até
o cômodo acima das escadas, dando de frente com um homem com roupas de época,
longa cabeleira e pele pálida, deitado na cama de um quarto arrombado. Lincoln
quase teve um ataque cardíaco!
— É
real ... você é real. — Ele disse, ajoelhando-se e levando as mãos ao
rosto do vampiro, lágrimas em sua face enrugada. — Adam Tepes, o imortal
dono desse castelo... enfim retorna a casa.
Quando
Adam despertou, horas depois, encontrou um homem de idade diante dele, sorriso
no rosto e postura de reverência.
— Sou
Jonathan Lincoln, o sétimo a suceder Willian Connor como guardião do seu
castelo. Cada um de nós fez o melhor que pôde para guardar seu túmulo até que o
senhor acordasse. — Diz o homem, com emoção genuína na voz, diante de um
Adam surpreso. — Me sinto feliz como uma criança por ser testemunha do
retorno daquele a quem jurei servir ainda na infância.
— Prazer
Lincoln, é bom estar de volta. — Ele diz, e ajuda o homem a se erguer.
— Will,
tio e tutor de Marie, foi o responsável por isso, então? Cuidar do meu corpo e
castelo?
— Sim,
segundo os registros, ele só chegou a esse lugar após a tragédia, senhor.
Sepultou a senhora Marie Winnicott e depois o colocou em um sarcófago protegido
do resto do mundo. Ele tomou como missão pessoal cuidar de tudo até que o
senhor voltasse, e como isso demorava, decidiu adotar uma criança que tomasse
seu fardo após sua morte. Essa tradição foi seguida pelo seu sucessor, e isso
até chegar a mim.
Enquanto
Adam é apresentado a banheira, pasta de dentes e roupas limpas, ouve
atentamente sobre como Lincoln recebeu um castelo já em estado precário, com
rachaduras, infiltrações e até mesmo áreas semi-desmoronadas. Alugar o imóvel
para sediar festas, casamentos e farras de universitários foi a forma que ele
encontrou de se manter e ao mesmo tempo cumprir seu objetivo.
— Você cumpriu seu dever, Lincoln,
agora venha comigo. Vamos ver se temos sorte. — Diz o vampiro, enquanto
caminha por áreas do castelo já interditadas.
Quando
Adam revelou a câmara secreta, Lincoln ficou estupefato! Armaduras medievais, coleções de armas,
moedas de vários países, anéis, colares, braceletes, pedras preciosas...uma
verdadeira fortuna!
— Connor
sabia sobre isso e não usou, ele era mesmo um homem raro. — Adam disse,
sorrindo para um homem cujas pernas tremiam de nervosismo. — Está ai minha riqueza, confio tudo em
suas mãos, Lincoln. Reerga este castelo, contrate empregados, invista o
dinheiro, torne possível meu retorno a esse mundo com dignidade!
Adam
caminhou entre os objetos brilhantes, parando diante de um quadro em que ele e
sua esposa sorriam de braços dados. Então, disse:
— Preciso reerguer minha casa e entender
esse mundo antes de ir até ela. Não posso correr o risco de assustá-la, como
posso ter feito em nosso primeiro encontro.
— Uma decisão acertada. — diz o
homem de cabelos grisalhos. — O senhor tem a beleza, o poder e a
dignidade, só lhe falta o conhecimento. Aproveitemos para corrigir isso.
[...]
Foi
com o coração acelerado que Claire Winnicott atendeu a ligação pela qual
esperou por toda a semana. Não que sua voz traísse alguma parte desse
sentimento.
— Sim, é a Claire. Quer dizer que vai querer
mesmo conhecer nossa cidadezinha, Adam? É, lembro de ter prometido fazer papel
de guia sim. Hoje? Lamento, tenho compromisso hoje. Amanhã daria pra você?
Ligação
encerrada, ela era toda alegria, segurando o celular numa mão e acariciando uma
gata gorda com a outra.
Como ele pôde me fazer esperar pela droga
de uma semana inteira? Tenho que manter um mínimo de amor próprio... se quer me
ver, que espere, pensa ela.
[...]
As
19h00, uma limousine preta para em frente à praça central da cidade, pouco
frequentada nesse horário. No banco de madeira, a jovem Winnicott está
entretida com o celular, sem notar a aproximação do “estranho do castelo”.
— Boa
noite, Claire. — diz Adam, terno novo e sorriso na face. — Você está
linda.
A
garota se atrapalha e quase deixa o celular cair, depois sorri sem graça para o
dono da cama em que caiu de bêbada, tentando não pensar sobre ter vomitado no
chão do corredor dele. É uma noite fria, ela usa uma jaqueta curta e saia jeans
com botas.
— Obrigada,
você também está ótimo. — ela diz.
Ele
se aproxima, segura a mão da garota e beija respeitosamente. Ela sorri com o
gesto, seu sorriso o levando até muito tempo atrás...
— Então,
vamos de limousine? Nossa, você é mesmo um sujeito bem chamativo, hein! — Diz
ela, enquanto brinca com o terno dele.
— Eu
voltei para esse lugar depois de muitos anos, desculpe se pareço meio
antiqua... — Adam trava! Uma presença sinistra que não sentia à mais de
trezentos anos se faz presente. A presença de outro como ele, de um vampiro.
Ele
olha em volta, mas não encontra ninguém suspeito.
— Algum
problema? — Claire pergunta, sorriso zombeteiro, devido a expressão
assustada que ele fez.
— Desculpe,
pensei ter visto um conhecido.
Eles riem,
ela cumprimenta Carlos, o motorista latino, e entram no carro para um tour por
Bleak Hill. O veículo viaja em ritmo lento, janelas abertas e Claire apontando
para casas, monumentos, e pessoas:
— Essa
é a mecânica do Duncan, ele trabalha ai com a irmã pentelha dele. — Risos.
— Precisando trocar o pneu, é o lugar certo.
— Essa
é nossa igreja, o padre tem aquela carinha de vovozinho que não tem como não
gostar. No fim da rua, mora a senhora Maryeth, uma velhinha com mais de cem
gatos! Eu adoro gatos, até mesmo adotei minha gatinha com ela, mas a velhinha
já passou do limite do que é saudável pra ela e os bichanos. Acho que ela
precisa muito de companhia, tadinha.
O
tour durou cerca de duas horas, com explicações sobre pessoas, bares, padarias,
praças e instituições que o Adam guardava 50%, perdendo o resto das informações
enquanto olhava para ela, concordando com o que quer que falasse e vez ou outra
fazendo algum comentário.
A
garota estava a ponto de encerrar o passeio quando recebeu uma ligação.
— Hummm...
não sei, deixe-me ver aqui. — Tapa o celular com a mão e pergunta baixo. — Adam,
minhas amigas me ligaram avisando sobre uma festa surpresa que está rolando na
casa de uma conhecida, e eu fui intimada a passar por lá. O que acha de vir
comigo? Seria uma boa chance de conhecer outras pessoas da cidade.
O
olhar dela não lhe deixou nenhuma escolha.
— É,
creio que seja uma boa oportunidade. Vamos lá então.
— Vou
acompanhada de um amigo, ok? — Ela fala ao celular, depois fica sem graça
com alguma coisa que falam do outro lado da linha. — É Eve, um amigo.
Em poucos
minutos estavam no lugar, música alta, carros e motos em volta de uma casa verde
de dois andares, meia-dúzia de jovens do lado de fora, tomando cerveja e rindo,
e todos parando de repente para observar quem sairia da limousine preta que
acabara de chegar.
Claire
fica ruborizada, ciente de todos os olhos sobre si, incluindo o daqueles que
começam a colocar a cabeça para fora da janela, avisando uns aos outros sobre o
veículo. Então duas garotas aparecem na porta, rindo e cochichando entre si, e vão
na direção dos dois. Uma jovem, negra e atraente, de vestido curto, e uma
morena de top e minissaia, ambas se cutucando para ficarem sérias.
— Olha
amiga, quem é esse gatão que você trouxe pra festa? — Diz Evelyn, a garota
de vestido e melhor amiga da Claire.
— Então
meninas, esse é Adam Tepes, o rapaz de quem falei outro dia.
— O dono do castelo!? — Ela pergunta,
alto o suficiente para todos ao redor ouvirem. — Você trouxe o melhor
presente da noite, miga! — Ela diz, sorridente, enquanto agarra o vampiro
pelo braço e o puxa para dentro da casa.
Deixam
para trás a garota Winnicott e a outra amiga, que a enche de perguntas. O som
alto incomoda os sentidos aguçados do vampiro, os corpos suados dos jovens se
agarrando ao seu redor, assim como o calor do corpo da jovem contra o seu
próprio começam a mexer com seus instintos de predador. Só então se dá conta do
quão faminto está, sem se alimentar há dias. Para piorar, sente a presença
sinistra novamente, dessa vez mais próxima.
— Nunca
te vi antes, pretende ficar na cidade? — Ela pergunta, enquanto o puxa mais
para o centro da casa, pegando uma bebida no caminho.
Ele
se esforça para manter a boca fechada, pois sente que as presas já teimam em
aparecer. Mas responde com dificuldade:
— Essa
é minha cidade agora... vou ficar.
— Diz
a verdade, você e a Claire ficaram
naquela noite, não foi? — Ela fala ao ouvido dele, seios pressionados
contra seu corpo.
Adam
sente que está perdendo o controle, a voz da garota aos poucos perdendo o
sentido, apenas o som do coração acelerado e suas veias expostas importando, o
sangue precioso e irresistível se tornando uma tentação poderosa! Ele começa a
tentar se afastar da garota, porém ela não deixa, o puxando para mais perto de
si, corpos colados, ao ritmo da dança daqueles que os rodeiam.
— Não
tão rápido, gatinho. — Evelyn fala, seus grandes olhos o encarando com um
estranho interesse. — Você parece um cara muito... interessante. Prometo
manter os olhos bem vivos em você.
O
corpo atraente e convidativo da Evelyn encostando no seu, o suor, a música,
tudo parece ser uma armadilha diabólica para revelar o monstro. Ele afasta o
rosto dela, tentando esconder as presas já visíveis, tentando se focar em algo
que possa impedi-lo de pôr tudo a perder. E então ele encontra: Claire, parada
em frente a eles, tentando escapar da enxurrada de perguntas dos amigos ao seu
redor e encarando o casal com um olhar de poucos amigos. Sua salvação.
— Olá...
Evelyn. — Claire diz, encarando a amiga.
Evelyn
sorri, enquanto puxa a amiga na direção do vampiro, trocando assim de lugar.
— Tava
só aquecendo o gato pra você, Clairzinha.
— Ela fala, sorriso zombeteiro. — Acho que agora ele já tá no ponto.
Tanto
o Adam quanto a Claire parecem sem graça com a situação, mas ele ao menos pôde
suspirar aliviado. Graças a Claire, reassumiu o controle.
— Sua
amiga é um tanto...
— Desculpe
por isso. Minhas amigas são doidas! — Ela diz, e então percebe que apesar
de tudo eles ainda estavam colados. E fica corada.
De
repente o som da festa abaixa, e todos olham para a garota que tenta chamar a
atenção deles.
— Gente,
esse é o Adam, amigo da Claire e dono
daquele castelo enorme no alto da colina. — Grita Evelyn. — Deem boas
vindas pra ele!
Um
momento de silêncio, seguido de um grito em uníssono:
— Bem vindo, Adam!
Todos
riem, levantando os copos e garrafas para o alto. A maioria segue dançando,
enquanto o casal tenta abrir caminho até a parte de trás da casa. Mas uma
dezena de jovens faz questão de ir atrás deles, e ai segue-se uma chuva de
perguntas de todos os lados. Após quinze minutos de interrogatório, Adam seguindo
um roteiro já decorado, ele consegue se afastar do grupo, pois “precisa de um
pouco de ar”.
— Você
tá bem? — Claire pergunta, segurando no ombro dele.
— Um
pouco indisposto, nada demais. — Ele responde, tentando esquecer da sede e
se concentrando no belo sorriso à sua frente. — Seus amigos são
divertidos, mas eu ainda prefiro ficar só na sua companhia.
Ela
dá um sorriso sapeca, se escorando na parede do lado de trás da casa.
— Não
rolou mesmo nada entre a gente, né? Minha cabeça ainda tá uma bagunça. — Ela
pergunta, se aproximando dele.
— Não.
— Ele diz, passando as mãos pelo cabelo dela. — Naquela noite não...
Ele
leva as mãos ao rosto dela, os dois fecham os olhos, e aproximam os lábios um
do outro. O coração da garota acelera na expectativa, ele pode ouvi-lo batendo,
e mesmo assim não lembra da sede. Ele apenas a deseja, mas não como fonte de
sangue. Quando estão próximos o suficiente para sentirem a respiração um do
outro... ele para. Pois sente algo que pode pôr em risco a única pessoa com
quem se importa.
— Adam
Tepes, correto? Que nome curioso esse seu. — Voz de mulher, interrompendo
o casal à um passo do beijo. — Posso falar com você um minutinho?
Adam
olha para ela, perturbado por não perceber a presença da vampira tão perto de
si. Tão perto da Claire.
— Não
acho que seja uma boa hora... — Claire começa a frase, olhar assassino, mas
é interrompida pelo toque do Adam em seu ombro.
— Claire,
vou pedir que aguarde um momento. Foi ela a pessoa que pensei ter visto aquele
momento na praça, preciso resolver um assunto urgente.
— Aaahhh,
tá. Claro que sim, com certeza eu
aguardo. — Ela diz, enquanto se afasta, entrando no salão.
A mulher
à sua frente é muito atraente, Claire tem toda razão em ter ciúmes, ele
percebe. Cabelos castanhos em rabo de cavalo, um vestido justo que deixa os
belos seios em destaque, olhos que parecem examinar cada minúsculo detalhe seu.
Uma vampira, sem dúvida.
— Esse
é o nome que herdei, e você seria...? — pergunta Adam Tepes, intrigado com
seu primeiro contato com um vampiro do século XXI.
— Jeanne
Hillton, é um prazer. — Mão estendida para apertar a dele.
— O
prazer é meu. — Adam beija a mão dela, e sente que cheira a sangue.
— Parece
um pouco abatido, senhor Tepes — Diz ela, enquanto se posiciona ao seu lado.
— Será que posso te dar algo para beber? — Um olhar malicioso e ele
percebe o sangue nos lábios dela, assim como o rapaz inconsciente no banco, à
poucos metros. Respingos de sangue na roupa.
— Dispenso,
creio que posso beber por conta própria. — Diz um Adam que usa todo o
autocontrole que possui, ao sentir o demônio interior as portas.
— Uma
pena, tanta gente nessa festa, tantas opções diferentes. Poderíamos secar tudo.
Taça por taça, até a última gota. — Ela o rodeia, como se estudasse suas
reações.
— Eu disse não. E não gosto de me
repetir. — Ele diz, olhos vermelhos e presas a mostra.
Ela
ri, então retira da bolsa um pequeno cartão, e diz:
— Que
pena, querendo falar sobre negócios, é só me ligar. Prometo que não ficará
entediado.
Adam
pega o cartão e o põe no bolso, enquanto volta para dentro da casa.
Após
algum tempo rodando pelo lugar, encontra Claire, conversando com as amigas, com
um sorriso forçado no rosto e bebendo. Quando ela o nota se aproximando, começa
a caminhar rumo a entrada. Um momento depois estão os dois na porta, Claire com
uma irritação mal disfarçada transformada em frieza, e Adam com mãos que
começam a tremer pela necessidade de sangue.
— Está
melhor, Adam? Já resolveu seu problema?
— pergunta a garota, após um gole da bebida.
— Era
um assunto realmente urgente, e para falar a verdade, não estou muito bem.
Creio que a viagem de carro me deixou enjoado.
— Então
é isso, Adam. — Claire começa. — Essa é Bleak Hill, nem há muito mais
o que mostrar. Acho que com isso eu cumpri meu papel como sua guia, e você até
mesmo já fez amigas, logo, logo será muito popular por aqui! — Um sorriso
forçado e ela fica de lado. – Até qualquer dia.
Depois
de três passos ela sente uma mão segurando a sua, assim como seu corpo sendo
puxado contra o dele. O vampiro a beija intensamente, olhos nos olhos, ela reluta
por um breve instante, mas logo se entrega. E por um momento os dois são
tomados por um sentimento muito forte, poderoso e antigo. Algo que ela não
consegue explicar, ou sequer entender. Após um longo beijo, ela afasta o cabelo
do rosto, sem graça.
— Não
vá embora, não ainda. Quero vê-la muitas vezes a partir de hoje, Claire, e
espero que aceite isso como um sinal da minha gratidão pela sua companhia. — Ele
coloca a mão no bolso, e de lá retira um colar em forma de cruz, muito bonito. Então
coloca a cruz no pescoço dela.
— Eu
não... não posso aceitar isso, parece muito caro. Nós... nós mal nos conhecemos,
Adam! — Olhar de quem diz isso, mas sente diferente.
— Pelo
contrário, sinto como se já nos conhecemos há muito tempo. — Ele diz,
enquanto beija novamente uma garota totalmente sem reação. — Agora
realmente preciso ir.
Ele
se afasta em direção ao carro que some no escuro da noite, deixando uma garota
com um sorriso bobo no rosto.
[...]
Pouco
depois.
Adam
Tepes anda em direção a limousine que passou os últimos minutos a sua espera na
beira da estrada, à cerca de cinco minutos de distância da festa. Numa área mal
iluminada e cercada pela vegetação nativa e com um motorista impaciente o
aguardando.
O
carro volta então ao seu destino, deixando para traz uma garota bêbada e
inconsciente, que quando acordar vai se sentir muito fraca e indisposta.
Enquanto o carro come a distância entre a vítima e o castelo, Adam Tepes olha
para o nada, com ar melancólico:
Eu sou um monstro Claire, uma besta que
se alimenta de sangue humano. Marie me amou como ninguém mais, mas eu sei que
você é só parte ela. Será que essa parte poderá me amar? Amar um monstro?
[...]
Não
muito distante...
Uma
tv ligada é a única iluminação de um porão escuro, onde um homem se encontra atrás
de uma pilha de livros, observando atentamente ao noticiário local. As imagens
mostram uma equipe de operários reformando o velho castelo da cidade:
... e pelas nossas fontes, o castelo e
suas imediações estão sendo totalmente reformados por um indivíduo chamado Adam Tepes, suposto proprietário do
imóvel. Após séculos de deterioração, já é possível notar uma grande melhora
estrutural, o que é sem dúvida uma boa notícia para aqueles que veem no castelo
o maior ponto turístico da cidade...
O
homem deixa cair o velho livro que analisava no chão, se ergue e olha atônito
para a tela.
— Tepes!? Sério mesmo? Seria...aquele Tepes?
Ele
sorri, um olhar maligno e confiante. — Precisamos nos conhecer, senhor
Tepes. Temos muito para conversar sobre sua chegada à nossa boa cidade de Bleak
Hill.
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