Seis
messes atrás.
Em um
quarto de apartamento alugado, um sujeito careca dorme só de calças sobre um
colchão duro como a vida. Ao alcance do corpo, jaz uma pistola de grosso
calibre, com balas do tipo certo para aquilo que ele quer matar. Tão perto quanto,
garrafas de cerveja barata, do tipo certo para fazê-lo aguentar a vida que
leva.
De
repente, um som exótico e suave corta o silêncio. Música hebraica — não que o
caçador de vampiros tenha algum interesse em saber. Ele abre os olhos,
assustado, enquanto estende a mão para a arma por puro reflexo. Com sua rotina
de caça às criaturas noturnas, está acostumado a passar as noites em claro e
depois beber até cair no sono.
Por que raios tô sendo atacado de manhã?,
ele se pergunta.
Mal
tem tempo de pegar a arma: vê um vulto saltando pela porta recém-aberta. O
quarto está escuro, tudo que consegue discernir é uma figura encapuzada e com
uma capa que esconde o resto do corpo.
Ele
atira uma, duas, três vezes, mas o estranho simplesmente joga o corpo contra o
dele, lançando-o contra a parede, enquanto desvia dos tiros. Seus ossos doem,
mas ainda é rápido o suficiente para atirar antes de receber outro ataque.
Será que ele sabe que eu tô de ressaca?,
ele se pergunta, no mesmo instante em que aperta o gatilho.
Acerta
então um tiro em direção à cabeça do misterioso inimigo.
Com essa ele morre! Com certeza não é
vampiro, pra estar agindo de dia, e se for um capanga, não tem como sobreviver
a isso, imagina.
No
instante seguinte ao tiro o capuz é rasgado, voando para trás, revelando assim
uma face bizarra que parece feita de pedra, agora com uma rachadura lateral onde
o tiro acertou de raspão.
— Que... que merda de monstro é você!? —
Pergunta um caçador de vampiros experiente, agora assustado, caído e escorado
numa parede gelada.
— Sou sua
morte. — diz o invasor, com voz sombria.
O
encapuzado aperta com violência a mão do caçador, em seguida quebrando o braço da
arma, deixando os ossos à mostra! Enquanto urra de dor, o homem observa aquela
face sinistra o encarando, e tudo ao som da melodia estrangeira. Então um murro
atinge seu rosto, seguido de outros, muitos outros. As mãos do encapuzado são
duras, como se fossem feitas de pedra.
O
homem aos poucos vai perdendo a consciência, mergulhando em um mundo de dor e
sangue. O massacre termina com um pé que desce pesado contra a cabeça do pobre
homem, espalhando sangue e miolos pelo quarto. Pouco depois, quando a polícia
chega para investigar o barulho de tiros, encontra o corpo. — A música ainda
tocando num toca-fitas velho. — E um nome escrito na parede com o sangue da
vítima: GOLEM.
[...]
Curso
de Psicologia, Universidade de York, Inglaterra.
Às
8h30 da manhã, os cerca de trinta alunos presentes se dividem entre aqueles que
prestam atenção na aula, aqueles que conversam discretamente e os que dormem.
—
Para a Psicanálise, o objeto de estudo da Psicologia não é nem a consciência do
homem, nem seu comportamento — diz o homem ao lado do projetor, de roupas
sociais, rabo de cavalo, barba por fazer e um meio sorriso no rosto. — Mas sim,
o “inconsciente”.
— Diz
aí, o que acha do professor? — Pergunta uma garota negra, de olhos amendoados e
voz melodiosa, para a amiga da carteira ao lado.
— Sei
lá, Evelyn, ele fala bem, gosto da aula dele. — responde uma Claire sonolenta.
—
Freud entendia que somos movidos por desejos inconscientes — continua o
professor. — Que nossas escolhas não são resultado de decisões racionais, mas
de algo mais profundo, algo que...
— Tá
de brincadeira, né? — diz Evelyn, enquanto olha para a amiga como se visse um
Alienígena. — Um homem gostoso desses e você vem me falar de aula? Tô pensando
em pedir pra ele umas aulas particulares, isso sim.
— Ei,
você não tem vergonha, né? — fala Claire, enquanto observa seu professor
mudando as imagens do slide. — O cara é casado, vejo a aliança daqui.
— Nem
é, ouvi que ele usa aliança, mas a esposa morreu faz tempo. Talvez ele use só
pra atiçar o tipo de mulher que gosta de homem casado — ela fala, enquanto olha
maliciosamente para o professor. — O homem tem só 29 aninhos, não é tempo de
bancar o viúvo solitário; acho que ele tá precisando conhecer uma mulher que
faça ele esquecer da defunta.
—
Credo! E imagino que essa seria você, não é? — Claire pergunta, enquanto ri da
amiga.
— Eu
posso fazer esse sacrifício. — E as duas começam a rir.
— Estão
rindo de que, meninas, vídeos de gatos? — pergunta Paul Davis, parado em frente
às duas.
Risos
e piadas por parte do resto da turma, silêncio por parte delas. Quando Claire
começa a esboçar uma resposta, é cortada pela voz da amiga, dizendo:
—
Estávamos rindo da sorte da Claire em fisgar o dono do castelo, e ainda por
cima, disposto a dar um colar desses pra ela. — A garota mete a mão por dentro
do casaco da amiga e retira de lá o crucifixo, deixando Claire Winnicott em
estado de choque. — Não é lindo?
Paul dá
uma olhada na peça, ignorando a cara de vergonha da dona. Só que algo na cruz
chama sua atenção.
— Bela
joia, mas isso não é desculpa para interromperem seu dedicado professor. Agora,
como eu dizia... — ele fala, deixando para trás uma garota loira dando cadernadas na amiga.
— Sua
doida, eu pedi pra não falar pra ninguém sobre o colar que ele me deu, agora
vão ficar fofocando... — resmunga Claire, enquanto esconde a cara com o
caderno.
—
Iiihhh, desculpa miga. Fiquei nervosa com o gostosão tão perto e foi só no que
pensei pra falar — responde uma Evelyn com um sorriso debochado.
Fim
da aula, as duas tentam sair furtivamente enquanto o professor desliga o
projetor, quando ouvem a voz dele:
— Claire,
venha aqui, por favor.
As
duas se olham e Evelyn sussurra para a amiga antes de se afastar:
— Por
que o safado não me chama? Você já tem um milionário, vê se deixa o professor
pra mim, hein! — Ela diz, e sai.
— Posso
dar uma olhada no colar? — ele pergunta, enquanto os últimos alunos saem da
sala.
—
Claro. É muito bonito, não é? — ela diz, enquanto sorri como uma boba,
lembrando-se do momento em que o recebeu. E
do beijo.
Paul
observa minuciosamente a joia, então digita alguma coisa em seu notebook.
Alguns minutos depois, e ainda segurando a cruz, ele comenta:
— Parece
uma peça bem antiga e valiosa, é verdade que você ganhou do tal Adam Tepes?
—
Então, nos tornamos amigos e ele me deu o colar como presente. — ela diz, um
tanto envergonhada.
Paul
observa uma última vez o objeto antes de devolvê-lo a sua aluna, pensando sobre
o misterioso dono do castelo em Bleak Hill, que se tornou o assunto da vez na
cidade, indo de conversas de botequim a matérias de jornal, e que foi
carinhosamente apelidado de “Conde Drácula”.
— Me
faça um favor, quando falar com ele, diga que eu gostaria muito de conversar
pessoalmente. E se ele estiver interessado eu aguardo vocês na minha casa na
quinta às 19h00. Você tem meu e-mail, certo? Me responda assim que puder.
— Tá
ok, professor, vou falar com ele sim. — Ela se despede, pensando que ao menos
isso é uma desculpa para ligar para o enigmático e interessante Tepes.
[...]
Horas depois, nesse mesmo dia.
Em um
porão bem iluminado, com várias estantes de livros, uma escrivaninha, um
computador e pilhas de arquivos, Paul Davis observa o curioso mural cheio de
fotos e pedaços de matérias de jornal. Entre elas, uma coisa em comum: todas se
referem às ações do Golem.
Historicamente,
um golem era uma criatura feita de barro e esculpida em forma de homem,
seguindo um complexo ritual executado por um rabino judeu. Uma vez completo, a
criatura sem alma e de assombrosa força adquiriria vida, estando sujeita às
ordens de seu criador. Porém, criar um golem era algo perigoso, e muitas eram
as histórias em que eles saíam de controle e causavam a morte de muitos,
incluindo seus donos.
Melhor
do que ninguém, Paul sabe disso.
A
polícia vê o Golem como um justiceiro sanguinário, a mídia, como um serial
killer, vigilante ou mesmo uma entidade sobrenatural. São muitas as histórias
sobre ele, algumas baseadas em suas ações, outras, pura invencionice. Mas Paul
não se importa realmente, nunca desejou fama para o Golem.
O que
ninguém além do professor sabe, é que o Golem é não só um assassino de
assassinos, mas também, um caçador de
caçadores de monstros. Mas, ao menos por enquanto, seu alvo é diferente.
Circulando com a caneta um nome em uma matéria de jornal, Davis fala para si
mesmo:
— Adam
Tepes: o sujeito aparece do nada como o dono de um castelo em ruínas, tem o
mesmo sobrenome do famoso Vlad Tepes III, o Drácula. Não bastasse isso, dá um
colar antigo e valioso como presente para uma garota que deve estar comendo.
Ele
sorri, enquanto examina o arsenal de armas e munição de prata que o Golem
recolheu das suas vítimas; suas anotações, livros, vídeos e fotos.
— Hora
de descobrir quem é você realmente.
[...]
No
dia e hora marcados, uma limousine para em frente à casa do professor, uma
residência modesta na própria cidade de Bleak Hill, vizinha à York. Dela saem
Claire Winnicott e o autointitulado “Adam Tepes”.
Paul
analisa o homem: seu rosto sugere algo entre vinte e vinte e quatro anos, com
longos cabelos negros presos, olhos de um azul raro e pele branca. Veste um
terno de grife, anda com elegância e traz consigo uma bolsa preta que carrega
em uma das mãos. A garota veste um terninho social vermelho, junto com o colar
que levou a tudo isso. Eles chegam ao portão da casa, já aberto, enquanto ouvem
um cachorro latindo sem parar.
—
Quieto! — diz Paul para o animal, enquanto sorri para os convidados entrando. O
quintal é grande, como o de quase todas as casas vizinhas, e nele se encontram
uma mesa de madeira e três cadeiras posicionadas em volta dela, num local bem
iluminado.
—
Professor Davis, esse é meu amigo Adam Tepes — fala Claire, cumprindo as
formalidades.
— É
um prazer conhecer o dono do nome mais falado nessa cidade — Davis diz,
enquanto aperta a mão de Adam. — Bom ver que não é uma lenda urbana.
— Sou
bem real, senhor Davis, e o prazer é meu — responde Adam. — Trouxe algo para
bebermos, gosta de vinho?
— Eu
amo vinho! Sentem-se, por favor, e perdoem-me se não os convido para entrar na
minha casa, mas está tudo em obras lá dentro.
—
Tudo bem, professor, o castelo do Adam está em obras também — ela diz, sentindo-se
estranha ao falar sobre o castelo de
alguém.
Adam
abre a bolsa, dela retirando uma garrafa de vinho antiga e taças de cristal,
fala animado sobre o prazer de se beber um bom vinho, enquanto serve uma taça a
Claire e ao professor.
— Ele
fez questão de trazer o kit todo, professor. — diz a Claire, enquanto sorve a
bebida. — E Deus do céu, esse vinho tá divino.
— Isso
é uma preciosidade, senhor Tepes. E posso entender seu apreço por esse líquido
escuro, afinal, se vinho não fosse importante, Jesus Cristo não teria feito da
transformação da água em vinho seu primeiro milagre, não é mesmo? — brinca
Paul, e todos riem.
— O
verdadeiro néctar dos deuses. Não consigo imaginar no mundo bebida melhor
— o professor fala, enquanto observa seu convidado, que finge ignorar as
iscas.
—
Claire me disse que se interessou pelo colar que dei a ela — diz Adam, atraindo
a atenção da garota.
Ela
retira delicadamente o cordão e o coloca sobre a mesa, dizendo:
—
Pode ver com calma, professor Davis.
Paul
retira do bolso uma lente, segura o cordão com cuidado enquanto o analisa, e
após alguns momentos, comenta:
—
Sim, é coisa de colecionador, a arte remonta há uns quatro ou cinco séculos, se
não me engano. Isso se for original.
— É original! Não aceito falsificações,
muito menos daria uma a quem eu ... — Adam trava, quase falando demais. — ...
prezo. — ele diz, “amo”, gostaria de dizer.
Adam
fica repentinamente sem graça, desviando o olhar da garota. Claire não consegue
disfarçar um sorriso, mas tenta, através do vinho. Quanto a Paul, apenas ri da
situação, e muda de assunto:
— Me
diga uma coisa: “Tepes” é um sobrenome muito famoso, é de batismo?
—
Esse é o nome que herdei da minha família, somos... de uma linhagem muito
antiga. — ele responde, após sorver o vinho, enquanto brinca com um cachorro
deitado aos seus pés.
—
Esse nome remete qualquer estudioso como eu ao grande Vlad III, príncipe da
Valáquia, cavaleiro cristão que lutou contra os islâmicos, o “Empalador”, o
homem que posteriormente serviu de inspiração para a lenda do...
—
Drácula, sim, eu sei — interrompe Adam, com um sorriso no rosto. — Por isso o
jornal da cidade inventou esse apelido para mim, por conta do nome e de ser dono
de um castelo.
— É
verdade Adam, você não me disse ainda. — Claire pergunta — Existem mais Tepes
por ai, não? Digo... seus pais são vivos? Você tem irmãos?
— Infelizmente
meus pais se foram há muitos anos. — ele diz, sob o olhar do professor. — Minha
mãe quando eu ainda era um garoto, e meu pai... meu pai, alguns anos depois.
Não tenho irmãos, sou o último da minha família.
Claire
segura a mão dele, tentando confortá-lo.
— Quais
os nomes deles, senhor Tepes? — pergunta Paul.
Adam desvia
o olhar nostálgico e volta a beber, depois encarando o professor.
— Creio
que já falei o suficiente sobre mim, professor Davis. E sinceramente, não gosto
de falar do passado.
—
Acredite... penso como você. — Paul responde.
A
conversa segue sobre a cidade e sua fundação, assuntos sobre os quais o vampiro
demonstra conhecimentos muito acima do esperado de alguém sem formação em
história. Adam fala de coisas do passado com muita propriedade, não como um
estudioso, mas como alguém que viveu nesse tempo. As horas passam rapidamente
durante esse jogo de palavras. Taças são entornadas, sorrisos trocados... E
então o celular de Paul toca.
— Me
deem um momento, por favor — Davis diz, enquanto segue para dentro da casa.
A
ligação não pode esperar, é do contato dele na polícia. Como de costume, ele
aguarda que a pessoa que ligou se identifique.
— Sou
eu, precisamos falar. — A voz é a esperada.
— Fale — responde Paul Davis, disfarçando
a voz e mudando o tom.
—
Tenho novidades: invadimos hoje à noite o esconderijo de uma suspeita. Tudo
indica que tenha vítimas em vários estados, ou seja, é bem o perfil que
interessa ao nosso amigo. Ela
conseguiu fugir e tentou pôr fogo em tudo antes, mas conseguimos salvar algum
material. Estou te enviando o arquivo com as fotos, me avise quando ele decidir agir.
— Sim — ele fala. — Você será informado.
Paul
encerra a chamada, sutilmente mais animado pela perspectiva do Golem entrar em
ação novamente. Quando volta, encontra o casal de pé, e Claire falando ao
celular. Quando encerra, ela diz a ele:
—
Desculpe professor, mas terei de ir agora. Surgiu um problema inesperado em
casa, então...
— Não
precisa se desculpar, nos vemos na aula da próxima semana, senhorita Winnicott
— ele diz. — Quanto ao senhor Tepes, imagino que possa ficar mais um pouco
enquanto seu motorista deixa Claire em segurança.
Adam
olha para Claire e depois para o professor, o primeiro humano culto com quem
conversa após seu mordomo Lincoln, mas decide que não consegue simplesmente
ignorar a companhia dela.
—
Lamento, professor Davis, mas não posso abandonar uma jovem indefesa na fria
noite dessa cidade. Até uma próxima vez. — Pausa para colocar a mão no bolso e
retirar de lá um cartão. — Se precisar falar comigo, use isso.
— Até
breve, senhor Tepes. — ele responde, enquanto guarda o cartão no bolso e
observa o casal partir.
[...]
Eles
saem da casa em direção ao veículo, Adam abrindo a porta para a garota entrar.
O carro de luxo se afasta aos poucos da casa, com o casal nele.
— O
que achou do professor? — ela pergunta.
— Um homem
interessante, bastante inteligente e perspicaz, creio.
Ela
sorri, olhando para a janela do carro.
— A
Evelyn é doida por ele, um cara bonito e inteligente, não que ela esteja
pensando no fator “inteligência”.
— E
para você, Claire, isso é importante?
—
Sinto atração por homens inteligentes. — ela diz, cruzando as pernas.
— Espero
que me considere inteligente, então. — ele fala, pegando na mão dela.
— Aaahhhh
Adam, você conquistou a maior gata da cidade. — Olhos nos olhos, sorriso
sapeca. — Acho que já é prova o suficiente do quão inteligente você é.
A
garota o agarra com força, um beijo intenso, até perder o ar.
— ...uns
quinze minutos daqui até a minha casa. — sorriso malicioso — Vamos aproveitar o
caminho, senhor Tepes.
O
motorista ri, então aperta o botão que ativa a separação entre o casal e ele. E
claro, reduz a velocidade.
[...]
Paul continuou
sentado lá fora, apenas ele e o cão, juntando mentalmente as peças que coletou nessa
noite.
Adam
alega ter herdado esse sobrenome da linhagem de Tepes, fala com muita
propriedade sobre fatos históricos da fundação da cidade de Bleak Hill, sua
fala é muito formal e até mesmo antiquada, com um sutil sotaque que apenas
estudiosos de linguística reconhecem como pertencente a séculos atrás. Não
bastasse isso, exibe rotineiramente joias e vinho que outras pessoas
reservariam para ocasiões especiais, quase como se não enxergasse seu valor
atual. Não parece ter sido afetado pelo alho preso embaixo das cadeiras, sua
imagem reflete normalmente, como ficou comprovado pelo reflexo nas taças (o que
pode significar simplesmente que a coisa do alho e da falta de reflexo sejam só
lendas). A não permissão para entrar na casa não pode ser testada, mas ele
achou melhor prevenir.
— Ele
não faz nenhuma questão de esconder esses traços extravagantes dos outros,
quase como se quisesse alimentar a fantasia... ou revelar a verdade. — Paul fala consigo mesmo, enquanto bebe mais
um gole do vinho que Adam não fez questão de levar. — Ele deve ser um vampiro
muito antigo... quem sabe o Drácula?
Paul
Davis ri do próprio pensamento, imaginando o que poderia acontecer se Drácula
morresse.
—
Será que todos os vampiros morreriam? Ou será que voltariam a forma humana,
como dizem algumas lendas? — Por um instante seu olhar fica cheio de tristeza,
invadido por lembranças. — Será que assim você voltaria pra mim?
— No
fim somos todos movidos por desejos irracionais, senhor Tepes: quais seriam os
seus? — Ele quebra a taça com violência, seus olhos exibindo frieza, enquanto o
sangue escorre da mão cheia de cacos.
—
Fique em guarda, Adam Tepes, cedo ou tarde você ficará frente a frente com o
Golem. Então saberemos qual o pior dos monstros: você... ou eu.
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