domingo, 12 de julho de 2015

Capítulo 12 - Morcegos e Cães


Castelo Tepes, 18h00.

Em um quarto totalmente escuro, o vampiro abre os olhos para mais uma noite no novo mundo em que acordou; na Inglaterra do ano de 2014, em uma pequena e isolada cidade chamada Bleak Hill. Uma taça de sangue o ajuda a começar a noite, enquanto Lincoln se encarrega dos mínimos detalhes que cercam seu mestre, principalmente dos que envolvem o fato dele ser um vampiro. Pratos de comida que nunca serão comidos, suposto trabalho intenso no escritório particular, falsas saídas diurnas por negócios... Adam sempre levantará suspeitas, cabe ao mordomo impedir que elas se tornem algo além de boatos e piadas.

Trágico. Retornei para estar com você, Marie, e após tão pouco tempo já estamos separados.

O jovem caminha pelo jardim que mandou restaurar na parte de trás do castelo, longe dos olhos de estranhos (o que inclui todos fora o mordomo). Árvores, flores e animais, uma combinação de elementos que busca trazer vida a um lugar tão fúnebre como o seu castelo, e a alguém tão morto quanto ele.

Foi sua a ideia das flores, mandei plantarem de todos os tipos que você escolheu naquela época. Será que ao vislumbrá-lo, algo em você se lembrará, Claire?

Vestindo apenas uma calça larga e de pés no chão, o rapaz de eternos vinte anos, olhos azuis, longos cabelos negros e corpo atlético se move furtivamente pelas trevas da noite. Uma oportunidade de testar seus instintos de caçador. Adam sabe já ter derramado muito sangue em batalha, durante sua longa existência, mas não sabe exatamente o quão preparado está para fazer isso de novo. Após algum tempo na espreita, ele ouve os sons de uma pequena criatura. Com alguns movimentos rápidos, consegue encurralar o pobre esquilo, de coração acelerado e desesperadamente buscando uma rota de fuga. Ao se ver acuado, mostra os dentes para seu predador.

Que criaturinha ingênua, tentando lutar contra uma força a qual não pode resistir. Somos iguais, lutando contra nosso destino, sem qualquer chance de sucesso.


— Mas que caçador habilidoso! — Jeanne Hilton brinca.

Ao olhar para a visitante, o vampiro perde a presa.

Teve mais sorte que eu, meu amigo peludo.

Jeanne está na entrada do jardim. De calça social justa, salto e uma blusa leve e decotada, ostenta cabelos castanhos em rabo de cavalo, com mãos na cintura e um debochado sorriso na face.

— Vejo que já se sente em casa, ninguém anunciou sua chegada. — Reclama Adam, surpreso por vê-la ali, enquanto caminha por seu jardim particular em direção à vampira e limpa as mãos em uma toalha pendurada sobre um banco de madeira.

— É sua lição, por me dar livre acesso à sua casa sem ter um segurança nela. — Diz ela, sentando-se no banco preguiçosamente. — Se eu quisesse, você estaria morto agora.

O velho Lincoln aparece pela porta que leva ao jardim, à poucos metros do banco. Sua expressão sutilmente traindo descontentamento por ver a vampira ali, enquanto avança de mãos para trás, passos silenciosos e postura ereta. Adam é especialmente hábil em ler as pessoas, a experiência apenas o tornando mais afiado em discernir as sutilezas da alma humana.

— Perdoe-me por não ter anunciado a senhorita Hilton, Senhor. Parece-me que os novos empregados precisam de certa disciplina no que tange a quem pode ou não entrar nesta casa. Disseram–me que a visitante o aguardava no salão, não sabia que a mesma se infiltraria aqui.

Ela pisca para o mordomo.

— Lincoln, nos traga sangue, por favor. — Adam diz, sentando-se ao lado dela. — Caçar sempre me deixa com sede.

O mordomo se retira, ela ri.

— Você gosta mesmo de sustentar o estereótipo, né? Um velho mordomo andando de um lado para o outro...eu contrataria alguém mais jovem. Acho que te falta um bom marqueteiro, Drácula Junior.

Adam olha para o céu, a lua brilhando em um céu sem nuvens. Ele fica sério.

— ... O que faz aqui, senhorita Hilton? — pergunta ele.

— Já vi que alguém dormiu de calças hoje. — Ela retira um celular de dentro da bolsa. — Já viu isso?

A vampira mostra uma matéria na internet sobre a morte da caçadora: “Freira é assassinada na floresta”.

— Isso confirma as palavras do professor. — ele diz.

— Isso é sinônimo de problemas, isso sim! — A vampira guarda o celular. — Fomos vistos com ela em um lugar público na noite de seu assassinato, a polícia não vai deixar isso passar desapercebido. Não sei como eram as coisas no seu tempo, mas hoje em dia a polícia tem muitos recursos à sua disposição para desvendar um caso.

— Acha que chegarão até nós?

— Até mim é mais difícil, sou desconhecida e... tenho contatos. Mas você e seu amiguinho intelectual fazem parte da vizinhança, cuidado pra que ele não fale demais. E o mais importante: não confie naquele homem. — Ela diz isso, se ergue e espreguiça.

Ele se levanta também e diz:

— Presumo que devo confiar na senhorita, então?

Ela ri, tira os saltos e começa a pisar sobre a grama.

— Nunca disse isso. — fala.

Eles caminham juntos pelo jardim escuro, nenhuma luz além da lua. As velhas muralhas de pedra mantendo o lugar isolado do mundo.

— E a loirinha, fizeram as pazes?

— Não atende minhas ligações. — Ele se escora em uma árvore, braços cruzados. — Deve estar magoada. Se souber que você veio aqui, talvez nunca mais atenda.

Jeanne se escora ao lado dele, então pousa a mão em seu ombro e diz:

— Mas que homem honrado, esperará o tempo da namoradinha. — Passa o dedo em seu pescoço e sussurra em seu ouvido. — Seria tão mais fácil tomá-la, e ela nem mesmo saberia que não foi por vontade própria.

Ele fecha a cara e se afasta, irritado, enquanto diz:

— Não vou controlar a vontade dela, isso sim seria imperdoável! Não acredito que você como mulher venha sugerir isso.

Ela caminha lateralmente numa árvore, com seu dom sobrenatural, se detendo em um galho mais alto.

— Tá, então continue com seus joguinhos de romance adolescente! Só se lembre que a vida dos humanos é tão curta que você pode se arrepender de ter desperdiçado tempo com isso... quando a juventude dela passar. — Diz ela, enquanto caminha de ponta a cabeça pelo grosso galho.

— Chega disso! — Adam diz, aborrecido. — Creio que é hora da senhorita ir embora.

Ela desce, eles caminham afastados de volta ao banco, lá o fiel mordomo os aguarda com duas taças de sangue em uma bandeja.

Adam bebe da taça, agradecendo ao homem. Jeanne olha para a bandeja com desprezo, fazendo um gesto de recusa.

— Será melhor não nos vermos por um tempo, Adanzinho. Considere essa, nossa despedida. — Diz ela, depois se virando em direção à saída.

[...]

Alguns minutos depois, Jeanne Hilton dirige seu carro pela estrada que leva a cidade, ao seu lado, Adam Tepes, usando roupas sociais e olhando para a densa mata cortada pela estrada.

— ... acho que entendi o porquê de se oferecer pra vir comigo até a entrada da cidade. — ela fala, olhos na estrada. — Você quer dar umazinha comigo no mato, pra que nem seu mordomo fique sabendo, certo?

Ele ignora a brincadeira, depois responde:

— Escolheu a hora errada para visitar-me. Há dias ouço uivos sinistros vindos da floresta. — Olhos fixos no matagal que os cerca de ambos os lados.

Ela olha pelos retrovisores, sem notar nada de anormal.

— Lobos, é? — ela pergunta. — E o meu herói me protegerá desses monstros terríveis?

— Não brincaria se fosse você. — ele a encara, sorriso no rosto. — Ouvi ao menos cinco uivos diferentes, não sei se você sairá viva se uma alcateia dessas atacar.

Ela dá uma risada, então responde:

— O cara mais fodão da vizinhança está do meu lado, acho que posso ficar tranqui... — A frase é bruscamente interrompida.

Um impacto atinge o lado da motorista, forte o suficiente para fazer o veículo mudar de direção e virar! O casal se esforça para resistir aos impactos sucessivos de um carro capotando ladeira à baixo, vidros quebrando e lataria amassando em uma queda que não parece ter fim.

Quando tudo termina, o carro para de rodas para cima. Após alguns momentos, Adam arromba a porta do seu lado e começa a puxar a vampira para fora. Ele tem alguns cortes e hematomas superficiais, coisa que o poder do seu sangue logo irá curar. Ela por outro lado, tem grossos cacos de vidro encravados no braço esquerdo, além de vários cortes menores, mas ainda parece estar em condições razoáveis.

Enquanto a vampira começa a sair do carro de ponta a cabeça, Adam sente as presenças sinistras o observando. À cerca de seis metros do carro, um licantropo o aguarda. Nota a presença de um segundo, menor, rodeando o carro pelo outro lado. Ainda ouve sons de algo se movendo rápido pelo mato a cima, mas como ainda está abaixado, o carro limita seu campo de visão. Adam está apoiado em uma perna, agachado próximo a lateral do carro. Enquanto analisa a situação desfavorável, o primeiro movimento acontece.

Da lateral esquerda surge um lobisomem com piercings no focinho, Jeff rapidamente avançando com as garras afiadas em direção ao vampiro! Adam desvia, e com velocidade e graça se afasta do carro, mas acaba de cara com uma licantropo de pelo cinza que mira seu pescoço... Ele bloqueia as presas, em seguida a lançando para longe, com violência.

Ele se ergue, sacode a poeira das roupas e diz:

— Não gosto de lutar com mulheres. Nem mesmo lobas.

A licantropo, que em forma humana se chama Evelyn, termina de barriga para cima a vários metros de distância. Dolorida e frustrada, pensa:

Filho da puta, seu ex-namorado é fortinho, Claire.

Som de tiros. Jeanne ainda no carro, dispara com sua Magnum contra Rickon e Peg, o jovem e a esposa do Malcon em forma de lobos, rosnando e tirando sangue da vampira, pelo outro lado do carro. Eles fogem dos tiros, deixando a vampira com ferimentos piores que antes.

— Essa é a hora em que você mostra o que herdou do papai, certo? — diz ela, para Adam.

Observando à tudo, um lobisomem muito impressionante. De pelo negro, olhos claros, músculos proeminentes e garras, Malcon se ergue em seus dois metros e meio, um sorriso cheio de presas no rosto. Vampiro e lobisomem se encaram por um instante, depois se faz ouvir a voz gutural do monstro:

— Parece que o “Conde Drácula” não é fraco, não. — ele zomba. — Vamos ver se vale mesmo a recompensa!

O vampiro levanta uma sobrancelha.

— “Recompensa”?

Som de algo pesado avançando em direção ao carro, ladeira à baixo. Ao mesmo tempo, Jeanne salta para a frente do veículo. Brutal como uma locomotiva desgovernada, Boris, o grande e gordo lobo se choca contra o carro! Sem ajuda, a vampira seria totalmente esmagada pelo peso e violência do impacto. Ela leva as mãos à cabeça por reflexo, só então se dando conta do vampiro que usa toda a força que possui para deter o impacto. Músculos doendo, quase de joelhos, Adam se pôs entre o carro e a vampira, impedindo o pior, ao preço de ficar vulnerável.

Eles se olham por um momento, ela ciente que sem ele já estaria morta.

— Você tem seus talentos, afinal. — sorri Jeanne Hilton.

Então a dor! Adam é retalhado nas costas pelas garras do Jeff, ao mesmo tempo em que tem sua perna mordida violentamente pela Evelyn.  Eles recuam, a garota com sangue e carne de morto-vivo entre os dentes. O carro é empurrado para o lado pelo vampiro, caindo sobre o grande licantropo chamado Boris, de pelugem castanha e presas inferiores para fora da boca.

Adam cai de joelhos, levando a mão a perna. Com seu corpo ainda tremendo pela violência do impacto, o sangue escorrendo farto da perna destroçada, e raiva por não ter sequer uma espada à mão. Ao seu lado, Jeanne, ainda abaixada, de arma em punho e percebendo que o celular que carregava na bolsa está destruído. Nada de pedir ajuda, compreende.

Em volta deles, seis vultos sinistros, a matilha inteira rodeando seus alvos. Peg e Rickon, em forma de lobos comuns, Jeff, Boris, Evelyn e Malcon, em forma de licantropos completos.

— Tirei só um pedacinho dele, chefe. — Fala Evelyn, cuspindo uma grossa tira de carne. — Acho que nem dá problema, né?

Malcon encara o casal de vampiros ameaçadoramente.

— Sem neura, gata, eles são sanguessugas! — Garras expostas. — Os malditos regeneram.

Nesse instante, um enxame de morcegos surge sobre eles, e Adam percebe que esse é um dos truques da Jeanne. Em um piscar de olhos ele derruba Jeff e Evelyn, ainda atrapalhados pelas criaturas da noite, puxando a vampira pela mão. O vampiro se move muito rápido, ela percebendo que esse é um dos truques dele. Diferentes formas de utilizar o poder do sangue.

Jeanne se esforça para manter a concentração sobre suas pequenas criaturas aladas, os animais noturnos que colocou sob seu poder. O casal entra no matagal, tentando colocar o máximo de distância entre si e a matilha. O bando uiva em uníssono... fazendo a vampira ficar arrepiada e tensa.

— O celular quebrou. — Jeanne sussurra. — Não dá pra contar com ninguém.

Adam não responde, apenas se foca em colocar toda a energia em correr rumo ao castelo, rápido como um guepardo, saltando sobre os obstáculos como se não fossem nada.

— Eu estava ciente que existiam lobos nessa cidade, mas não pensei que atacariam logo hoje. — Fala Jeanne, mais sendo puxada que contribuindo com a fuga. — Os desgraçados podem nos farejar! Fugir de malditos lobos no meio do mato não vai dar certo.

— Cale a boca! Você só aparece para me trazer problemas, não houve uma noite em que tenha te visto sem ter pagado por isso de alguma forma.

Ela apenas ri em resposta, depois diz:

— Não seja bruto, lembre-se que sou mulher: tagarelo quando fico nervosa.

Ele começa a notar movimentos na relva, bastante afastados.

Conseguimos ganhar tempo, pensa ele, e eu posso continuar nesse ritmo até chegar ao castelo. Não acho que uma dessas bestas possa me...

Adam é parado a força, só com tempo de jogar a vampira para a frente! Seu braço livre foi pego em cheio pelo Malcon, as presas se encravando fundo na carne do morto-vivo. Em instante, ele sabe que perderá o braço.

Largue-me e fuja, agora! — O vampiro ordena ao lobisomem, olhos nos olhos e sua aura sinistra emanando através do poder de forçar a vontade da vítima.

A criatura afrouxa a mordida, com um olhar confuso. Então fecha e reabre os olhos, novamente dono de si, sua selvageria e força de vontade vencendo o poder do vampiro.

— Sem chance, sanguessuga... — Sussurra Malcon, entre dentes que se mantêm sobre o braço do alvo.

Então som de tiros, e o lobo é acertado em cheio pela arma de uma vampira caída. A dor o faz largar o Adam, enquanto sai fumaça dos ferimentos que recebeu no tronco.

— Prata... — resmunga ele, com ódio. — Me lembre de fazer uma pulseira com essa prata derretida depois que eu arrancar tuas tripas fora.

Com um braço estraçalhado, assim como peito e perna dilacerados, o vampiro sorri para sua parceira, enquanto observa o restante da matilha chegando aos poucos. Eles rodeiam o casal, usando os números a seu favor.

— ...quem exatamente contratou vocês? — pergunta Adam, regenerando completamente o braço antes destruído. Seus olhos vermelhos, presas expostas e aura mortal.

Malcon anda lenta e preguiçosamente na direção do vampiro, e cospe o sangue que tirou dele em sua frente.

— Por que? Vai oferecer mais pra gente mudar de lado? — pergunta debochado.

Adam sorri em desprezo, enquanto ajuda a vampira a se pôr de pé.

— De modo algum. — ele responde. — Só quero saber à quem devo enviar seus corpos.

Evelyn examina o porte altivo do vampiro, que mesmo cercado e ferido continua com ares de superioridade. Ele parece muito forte, e pode realmente matá-la. A jovem sabe que seria mais prudente se manter afastada, mas o risco é algo que sempre a deixou excitada, no fim das contas. Ela avança pelo ponto cego do vampiro, seu movimento incitando os outros ao ataque.

— É...estamos fudidos... — Deduz Jeanne, beijando a ponta da arma e usando o poder que ainda tem para regenerar o que pode.

Evelyn é pega com facilidade pelo vampiro, mão apertando o pescoço dela até quase quebrar.

Fuja...agora! — Os olhos vermelhos do vampiro esmagam completamente o desejo de sangue da garota, que com olhos arregalados de um cão assustado, foge a toda velocidade dali.

Jeanne é derrubada por um ataque conjunto dos lobos Peg e Rickon, mas acerta em cheio a bocarra escancarada do Boris quando estava a poucos instantes de ter seu frágil pescoço destruído por ela! O lobisomem cai para trás, pondo as mãos sobre a boca, enquanto a loba grávida arranca a arma das mãos dela, e o jovem lobo prende sua outra mão entre os dentes.

Adam resisti a uma sequência de ataques do Jeff, movimentos de esgrimista para desviar e bloquear os ataques com garras letais, ao mesmo tempo em que usa seu corpo para desequilibrá-lo e por fim encravar as presas de vampiro no pescoço do monstro! Jeff grita enquanto é jogado para longe, com o pescoço e o orgulho ferido. Seu sangue de licantropo sendo cuspido por um vampiro furioso.

No momento seguinte Adam está no limite, Malcon fazendo uma sucessão de ataques rápidos e brutais! Presas e garras vindas de todos os lados, do grande e temível líder da matilha que pressiona um vampiro já gravemente ferido. Passados alguns momentos, Adam está apoiado em uma perna e cuspindo sangue, enquanto vê Malcon sorridente e ofegante, Jeff e Boris regenerando e Evelyn retornando...frustrada e furiosa.

Jeanne Hilton com muito custo conseguiu se soltar das presas de Rickon, quase perdendo o braço no processo. Ela cai ao lado dele, rilhando os dentes de dor e praguejando baixo.

Sem espada, cercado e com alguém para proteger, não tenho muito mais sangue no corpo também. — lamenta ele, para si mesmo. — Será esse meu fim, Marie? Odiado pela Claire e morto por lobos trabalhando para um inimigo desconhecido? Patético!

Então o inesperado acontece, e se ouve claramente o som de sirenes de polícia se aproximando. Os lobos olham para seu líder, que com cara de contrariado diz:

— Puta merda, vamos ter que deixar nosso joguinho pra outra noite, Drácula. — Então encara a vampira, e sorri. — Deu sorte, vadia. Você não tá no contrato...pode ser que viva.

A sirene fica mais alta, Evelyn, Jeff e Boris fazem menção de atacar assim mesmo, mas Malcon rosna para eles, e isso é o suficiente para que mudem de ideia. Os lobos somem na noite, como um pesadelo noturno cessa ao despertar do amanhecer. Quando a sirene fica próxima o suficiente e luzes de faróis começam a iluminar a área, Adam se senta ao lado da vampira, os dois exaustos e feridos.

— Você ficou quieta, enfim... — ele diz, tentando não pensar em toda a dor e raiva que está sentindo.

— ...tem horas que a gente tem que só curtir o momento. — Ela diz, enquanto segura seu rosto e beija seus lábios.

O vampiro foi pego de surpresa, e fica sem reação por um momento.

— Isso é por salvar meu pós-vida, Tepezinho. — Ela diz, se escorando nele.

Ele apenas balança a cabeça e sorri, enquanto a polícia para a viatura, a distância. Então fica sério e leva a mão ao rosto.

— Que foi Adanzinho? — ela pergunta. — Foi só um beijo, não precisa esquentar só por isso.

— Agora sim a Claire não acreditará mais em mim. Nós dois fomos pegos sozinhos...de novo.


A polícia chega e encontra um casal gravemente ferido, com roupas esfarrapadas e sujas de sangue, não muito distantes de um carro capotado. O casal é composto de um jovem com olhar chateado e uma mulher que ri incontrolavelmente.

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