sexta-feira, 3 de julho de 2015

Capítulo 11 - Coisas de Família



            Nesse capítulo eu encerro a apresentação do Andy Valentine, com direito a muito sangue e lembranças do passado. Espero que gostem, cientes que Adam e companhia voltam no próximo capítulo.

          Obrigado a você que lê essa história, ficarei muito feliz se comentar deixando sua opinião sincera sobre o que está achando dela. 

Em um pátio de escola, um menino de oito anos desvia o olhar da mãe. Com o uniforme sujo de lama e sangue, o rosto machucado e os punhos fechados, o pequeno Andy se prepara para ouvir o sermão. A mulher tem apenas vinte cinco, com cabelos negros e olhos claros — como os herdados pelo filho — usa blusa social e calça jeans, com um sapato que bate nervosamente no chão.

— Não acredito que você fez isso de novo... que vai ser expulso de outra escola! — Olhos cheios de raiva, pausa para fumar. — Mas o que que tu tem nessa cabeça, moleque? Merda!?

— Eles que provocaram. — ele diz, seco. — Se alguém me provoca, eu bato mesmo! — Sorriso desafiador no rosto.

Um tapa faz o menino dar um passo para traz. Sua mãe treme de raiva enquanto se aproxima e aperta o seu rosto com força, olhos com lágrimas e voz tremida, enquanto diz:

Quem tá provocando aqui é você! — ela grita, sua voz ecoando pelos corredores da escola. — Será que não sabe ficar sem arrumar problemas, seu merdinha!?


Ela larga o menino, que abaixa a cabeça para esconder as lágrimas que tentam forçar saída, enquanto a jovem se recompõe e limpa o rosto. Vê também que seus gritos atraíram a atenção indesejada de uma professora, que começa a andar em sua direção.

— Foram duas escolas já, Andy, não posso deixar você ser expulso dessa também. Tudo por insistir em mandar as crianças dos outros pra enfermaria. — Pausa para apagar o cigarro com a ponta do sapato. — Por sua causa vou ter que ter uma conversa com a droga do diretor balofo.

Ela para um instante e olha para o menino, com ar de culpa, enquanto diz:

— Me espere aqui fora como um bom menino, viu? — E caminha na direção da professora de olhar recriminador, enquanto um garoto finalmente deixa as lágrimas saírem.
[...]

Andy volta a si sentindo cheiro de churrasco, de mato e de baba de cachorro. Quando abre os olhos, percebe estar deitado na relva, sentindo dor na nuca e enjoo. Já é noite, há um cachorro lambendo seu rosto, ao que ele se ergue, ficando sentado e enxotando o cão.

Pelo menos não é outro gato, ele pensa.

A sua volta, um acampamento: cinco barracas montadas, uma grelha acessa, uma caminhonete e três motos estacionadas. Cuidando do churrasco tem um homem enorme, gordo e imponente, de quarenta anos, com uma cabeleira castanho clara, barba grossa da mesma cor, muitas tatuagens e pelos no peito descamisado. Próximo a ele, o careca mal humorado, entornando vodca.

Sentados em cadeiras tem o Malcon, com um prato de churrasco na mão e uma cerveja na outra. Apoiada em seu peito, uma mulher na faixa dos trinta, cabelos e olhos negros, um cigarro na mão e fumaça saindo dos lábios. Ela usa um vestido largo que deixa seu corpo magro à mostra, com exceção de uma barriga de grávida de seis meses.

Sentados no chão, um garoto de quinze anos está cuidando do cabelo da Evelyn. O rapaz veste uma calça justa, colete de couro, botas de salto, maquiagem escura e franja branca em seu cabelo castanho escuro, dando um toque claramente efeminado. Ela parece ser a primeira a notar que o estranho acordou, e faz um gesto para o amigo deixar o que está fazendo.

Andy levanta. Já de pé, só enxerga escuridão e árvores a sua volta. Evelyn faz um gesto convidando para que se aproxime, enquanto se ergue com ajuda do colega. Andy caminha na direção do grupo e então para, tentando entender qual seria o propósito daquilo tudo.

— Andy Valentine, quinze aninhos e sem grana, o que você faz por essas bandas, gatinho? — Ela pergunta, enquanto joga de volta para ele sua carteira com documentos.

— Resolvi andar por ai. Agora me diz o que tu tem a ver com isso? — Ele responde, após pegar a carteira.

Ela ri, e olha para o Malcon, que está mastigando um pedaço de picanha assada e engolindo com ajuda de uma golada de cerveja. O garoto da franja aparece com um prato de churrasco e uma garrafa de cerveja para entregar timidamente ao Andy, mas o garoto simplesmente passa por ele irritado, derrubando-o com as coisas no chão. Nesse momento, o careca dos piercings se enfurece, aproximando-se e apontando uma arma para a cabeça do Andy, enquanto diz:

— É melhor baixar a crista, babaca! Faz outra gracinha que eu estouro teus miolos e dou tua carcaça pra o Boris ali comer (aponta para o homem gordo, que dá um sorriso sinistro e lambe os beiços). Ou de repente, a matilha toda resolve comer essa tua carne podre.

Só então ele se dá conta da situação.

— “Matilha”? Então vocês são lobisomens também? — ele pergunta.

Dessa vez todos riem, exceto o garoto da franja, que se afasta e volta para perto da Evelyn, um tanto envergonhado. Malcon anda na direção do Andy, faz um gesto para o Jeff abaixar a arma e para, olhando para ele de cima, sua altura e músculos se fazendo notar.

— Essa é a minha matilha, garotinho, e eu sou o macho alfa desse território. — diz Malcon, ameaçador. — Pelo jeito, você nem mesmo consegue farejar os da nossa espécie, não é?

Andy fica calado, sem demonstrar qualquer sinal de estar impressionado. Malcon gargalha, depois aponta para cada um dos membros identificando-os pelos nomes:

— O meu amigo esquentadinho e careca aqui é o Jeff, ele é bom com armas de fogo e outros esquemas. — Jeff guarda a arma, enquanto olha ameaçadoramente para o garoto.

— O garoto metido a cabeleireiro é o Rickon, bom com qualquer coisa que possa ser dirigida ou pilotada, e gosta dos tipinhos feito você. Acho que vocês podem se dar muito bem. — Rickon enrubesce.

— Evelyn você já conheceu, a garota tem uma língua que faz milagres... — um sorriso malicioso por parte de alguns do bando, olhar frio por parte da garota de vestido. Evelyn só balança a cabeça, sorrindo. — ...Engana até o próprio Diabo!

— O grandão lá embaixo se chama Boris, é forte como um touro, e gosta de matar com as próprias mãos a comida. De vez em quando, dizem que ele come até gente. — Andy não percebe, mas Evelyn e Boris trocam um sorriso de cumplicidade nesse momento.

Malcon caminha na direção da garota grávida, coloca a mão na barriga dela e, com um grande sorriso no rosto, diz:

— Essa aqui é a Peg, minha garota e a vaca mais letal que você já conheceu. — A garota o beija, encarando Andy com frieza. — E essa coisinha que ela carrega na barriga é o nosso garoto, meu lobinho que vai liderar a matilha depois que eu morrer.

O cachorro volta a se aproximar de Andy, latindo para ele e querendo brincar.

— Você pode achar que dá conta de tudo sozinho, garoto, mas uma vez que se vira um lobo, tem que aprender a agir como um. Um lobo pode ser forte sozinho, mas é em bando que ele é foda. A matilha cuida um do outro, de noite ou de dia, e quando agimos juntos, nada fica no nosso caminho.

Um sorriso de concordância passa pelo rosto do bando, com exceção do Jeff. Malcon coloca as mãos nos ombros do Andy e prossegue:

— Tô falando de força, cara. De você não se preocupar com tiras, com lobos e nem com vampiros! — Andy se esforça para disfarçar a surpresa ao ouvir falar de vampiros, nunca parou para pensar nessa possibilidade. — Tô falando de grana, a matilha sempre tem serviços que garantem uma puta grana! Inclusive, temos um importante pra daqui uns dias.

Malcon se afasta e olha para o bando, que instintivamente se põe de pé.

— Vamos amigos, vamos mostrar para o garoto nossas formas verdadeiras. — Ele diz, enquanto abre os cintos da calça e começa a tirar botas e jaqueta, seguido do resto do bando.

— Que... que diabo deu em vocês!? — resmunga um Andy que vira o rosto de vergonha.

— Vira o rosto não, gatinho. Vai perder meu striptease. — Evelyn diz, enquanto se despe provocativamente. Atraindo um pouco de atenção involuntária do garoto.

Então começa o show de horrores! Cada uma daquelas pessoas passa pela transformação em licantropo, assumindo formas que de certo modo mantém algumas semelhanças com sua forma humana. Boris vira um monstro grande e robusto, com pelugem castanha e presas que ficam para fora da boca. Jeff se torna um lobo marrom, de focinho pontudo e mantendo os piercings. Evelyn assume uma pelugem cinza, possuindo um corpo bem menor e mais esguio que o dos machos. Peg tem pelos negros, um porte semelhante ao da outra garota, só que com uma sútil barriga saliente, e Rickon tem porte físico parecido com o das meninas, além de pelugem castanha.

E então ele vê o Malcon, pelugem negra, maior e mais ameaçador que qualquer outro que tenha visto, incluindo ele mesmo e o Jimmy.

Sua vez Andy, mostre sua verdadeira forma! — a voz do Malcon se tornou mais gutural e ameaçadora.

Andy olha para aquele bando, para seu líder, e sem afetar medo o encara e responde:

— Não. Não gosto dessa coisa de virar lobo.

Todos ficam sérios. Andy vira as costas e diz:

— Não curti esse lance de matilha não, tio. Prefiro fazer as coisas do meu jeito, sem ter que cheirar o rabo de ninguém.

Uma dor terrível percorre suas costas quando garras afiadas como facas a cortam! Antes que possa reagir, o inimigo jogou o corpo contra o dele, empurrando em direção ao mato e a um despenhadeiro que ele nem sabia que existia ali. Então foi tudo dor e vertigem, uma sucessão de imagens girando até o corpo do garoto parar na metade da ladeira, sangrando não só pelas costas, como por outros três lugares em que se cortou durante a queda. Uma costela quebrada e sangue na boca o fazem notar que continua vivo.

— Alguém não parece mais tão confiante agora, né mesmo? — voz do Jeff, rindo e descendo lentamente a ladeira.

Foi o idiota careca quem fez isso, percebe.

Andy esperava ao menos que tivesse sido o líder. Sinal de que até os mais fracos podiam matá-lo. O garoto sempre gostou de brigas, se metendo nelas desde que se entende por gente. Embora baixo, sua força, velocidade e resistência sempre foram bem acima da média, o que o fizeram nunca perder uma briga de um-contra-um, até hoje.

Merda, eu tô perdendo, conclui.

Ele tenta se levantar, sente a costela e percebe que qualquer movimento errado resultará em mais dez metros de queda. Acima, não só o Jeff, pode ver a cabeça de cada um deles na escuridão, um sorriso de zombaria na face do Malcon, que fere profundamente seu orgulho. E raiva, Andy sente muita raiva!

— Última chance garoto, me mostre o que você é. — fala o líder, olhos frios. — Ou morra.

Ele se levanta, limpa o sangue da boca com as costas da mão, olha para o Malcon e sorri em desafio. Jeff perde então o controle, e desce em frenesi assassino na direção do Andy. O garoto apenas fecha os olhos e abre os braços.

— Desgraçado! — Jeff grita, puro ódio na voz.

Não! — grita Malcon, lamentando a morte do garoto sem ao menos testemunhar sua forma verdadeira. Sem tempo de parar o ataque de um membro da sua matilha.

Jeff salta com as garras estendidas e boca escancarada na direção do pescoço do garoto, olhos cegos de raiva, a expectativa do prazer ao sentir os dentes destroçando o frágil pescoço humano! Quando de repente...

[...]

Lua cheia, poucas noites atrás.

— Concentre-se Andy, lembre-se de quem você é! — grita Jimmy Duncan, em forma de licantropo e bastante ferido. — Pense no que é importante pra você, naquilo que te traz paz!

Andy cai sobre Jimmy, mesmo com uma coleira presa em correntes de aço no pescoço, e muito ferido, ainda é capaz de ameaçar seu treinador. O mecânico força a boca do garoto a permanecer fechada, faz questão de se arriscar ficando cara a cara com a fera, na esperança de trazer sanidade a ele.

Mandy observa a tudo realmente preocupada, já faz mais de uma semana que o treinamento prossegue noite após noite, e o garoto que não gosta de revelar nada sobre si não parece sair da fúria animalesca. Quando acorda, ele vai à escola e some pelo resto do dia, mas sem nunca se abrir sobre o que sente com relação a isso. Agora, tanto ele quanto seu irmão estão no limite, e ela teme pelo desfecho dessa história.

Por alguns instantes o lobo para de atacar, seus olhos revelando um pouco mais de humanidade enquanto fala:

— Eu ser... ser Andy. — Jimy solta um suspiro de alívio. — Eu Sou Andy. — ele repete, surpreso com as próprias palavras.

O mecânico se aproxima do garoto com um sorriso na face monstruosa, satisfeito com o avanço. Infelizmente o garoto toma o movimento brusco por ameaça, seus instintos o dominando novamente, o derruba e desce com pressas e garras selvagemente sobre o aliado surpreso. Uma sucessão de golpes brutais espalham sangue e pele por todo lado, o mecânico sentindo pela primeira vez toda a força do pequeno monstro. Questão de instantes até sua morte.

Não! — grita Mandy, se colocando entre os dois de forma inconsequente e com lágrimas nos olhos. — Não Andy... por favor... ele é minha única família.

O licantropo para a meio centímetro do pescoço da menina, os olhos dela fechados de medo diante da morte iminente. De repente, ele reconhece o cheiro dela, sua voz suave, sua necessidade de uma família. Reconhece Jimmy e Mandy Duncan, reconhece aquilo que ainda é importante para ele. A única coisa que poderia trazer alguma paz a sua raiva: família.

Família... eu tenho uma família.

[...]

Em algum momento do passado, vemos uma mãe chorando em um quarto de criança, abraçando seu filho rebelde com todo carinho, enquanto repete olhando nos olhos dele:

— Me perdoa, Andy. Perdoa a mamãe... eu não queria ter dado aquele tapa em você. — ela diz. — se tem alguém culpado aqui sou eu, acho que é tudo falta de um pai, de uma família de verdade não é? Não é por isso que você bateu nos outros meninos, porque hoje foi comemoração do dia dos pais e eles foram com os papais e você não?

O pequeno Andy Valentine, já de banho tomado e curativos nos machucados da briga, finalmente deixa a mãe ver as lágrimas e a abraçando diz:

— Eu tenho uma família de verdade mãe. Você é minha família, a única que eu preciso.  

[...]

De volta ao tempo presente.

Um grito de dor corta a noite fria.

Não do Andy, mas do Jeff. Com olhos arregalados, o licantropo se dá conta de garras fortes e afiadas apertando seu pescoço, impedindo a boca de se fechar sobre um pescoço agora muito mais grosso e musculoso do que era à um segundo atrás. Andy se transformou em um instante! Músculos sobre-humanos rasgando roupas e calçados. Pelo branco contrastando com a escura noite, olhos vermelhos cor de sangue, transmitindo toda a fúria que guarda dentro de si.

De volta ao despenhadeiro da matilha, um bando de licantropos testemunha surpreso a reviravolta da luta.

— O pelo dele, os olhos... não vi nada assim. — fala uma Evelyn estupefata.

Andy joga o inimigo no chão com violência! Urrando de modo assustador, desfere uma chuva de golpes sobre seu alvo, que não tem qualquer possibilidade de reagir. A matilha assiste ao sangue de seu membro molhando a grama, seus ganidos de dor deixando todos sem reação, enquanto garras e presas transformam seu mundo em sangue.

Andy cessa os ataques, largando o corpo ainda com vida do lobisomem despenhadeiro à baixo. Ainda sob o olhar dos outros, ele sobe o caminho de volta, presas a mostra, pronto para enfrentar todos eles se for necessário. As garotas e Rickon recuam dele, enquanto Borges começa a andar em sua direção, repentinamente detido pelo líder.

— Não, ele já provou o que tinha que provar. — fala Malcon. — Agora, mais do que nunca, quero você na matilha, garoto!

Todos olham para o Andy, que passa direto pelo bando enquanto suas feridas começam a se curar. Ele assume novamente a forma humana, olha para os trapos rasgados em seu corpo, que chamava de roupas e calçados, para o acampamento e para Malcon: o poderoso lobisomem que lidera a matilha, e diz:

— Já disse que não curto esse lance. — Andy fala. — Tô indo embora, e é pra nunca mais.

Todos param surpresos, e Malcon solta uma gargalhada, voltando a forma humana. Ele é seguido pelos outros.

— Se quer bancar o lobo solitário, não vou ficar no seu caminho! — Ele puxa a Peg para junto de si, a lambe e diz para os outros. — Rickon, arruma umas roupas para o garoto e procura a carteira dele que caiu por ai. Cuidem do Jeff quando ele acordar, não quero ninguém perturbando Andy Valentine a partir de hoje.

Pouco depois, Andy está vestindo roupas do Rickon, as menos efeminadas que encontrou. O garoto o observa a distância, se aproximando no fim para entregar a carteira.

— Você fica muito bonito, quando está como lobo. — Ele diz, para um Andy que fica obviamente irritado e vermelho.

— Desculpa ai o empurrão, mas não curto essas coisas, falou. — Ele responde, pegando a carteira e saindo de perto. No caminho, se depara com a Evelyn, já vestida e o olhando debochada.

— Você é fortinho lobão, pena ser muito pirralho e baixinho, senão até que eu te dava uns pegas. — ela diz.

Andy passa esbarrando nela, então para e responde, com um sorriso convencido:

— Desculpa ai, mas não curto vagabunda, não.

Meia-hora depois, Andy é deixado nos limites da cidade. Teve que aceitar ir vendado na garupa da moto do Malcon pela maior parte do caminho, mas como foram só os dois, e o homem mostrou estar desarmado, acreditou que poderia reagir se surgisse a necessidade.

— Uma pena não ter se juntado ao bando. Temos alguns trabalhos grandes pela frente, coisa que daria grana pra um homem fazer a vida. Tem certeza que prefere brincar de lobo solitário? — pergunta Malcon, sentado em sua moto e diante de um Andy com roupas de couro apertadas.

— Não volto atrás numa decisão. — Andy fala, virando as costas para o homem mais perigoso que já conheceu. — Adeus.

O som da moto corta a noite fria da cidade, deixando Andy com seus pensamentos, com frio, roupas estranhas e sem dinheiro. Mas ainda assim, confiante.

[...]

Pouco depois.

Do alto de uma colina, na floresta de Bleak Hill, um grupo de lobos observa o velho castelo de Adam Tepes. São cinco ao todo: duas fêmeas, dois machos, e à frente, o macho-alfa, maior e mais ameaçador que todos os outros.

Olhos brilhando na escuridão, mais expressivos do que é de se esperar de animais irracionais, o líder da matilha olha para os outros, algo como um sorriso se desenhando em sua face. Em um instante o animal se transforma em um lobisomem grande e temível, músculos imponentes e voz gutural.

— Depois que pegarmos o morto-vivo, podemos trepar no castelo, Peg. — fala o monstro, que em forma humana se chama Malcon.

Uma das lobas assume a forma humana, nua, abraça o monstro pelas costas e olha para o castelo, entre risos. Ele uiva, alegre e impetuoso. A matilha o acompanha.

Em um salão no castelo, Adam Tepes ouve, algo dentro dele pressentindo o perigo.

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