Nesse capítulo eu encerro a apresentação do Andy Valentine, com direito a muito sangue e lembranças do passado. Espero que gostem, cientes que Adam e companhia voltam no próximo capítulo.
Obrigado a você que lê essa história, ficarei muito feliz se comentar deixando sua opinião sincera sobre o que está achando dela.
Em um
pátio de escola, um menino de oito anos desvia o olhar da mãe. Com o uniforme
sujo de lama e sangue, o rosto machucado e os punhos fechados, o pequeno Andy
se prepara para ouvir o sermão. A mulher tem apenas vinte cinco, com cabelos
negros e olhos claros — como os herdados pelo filho — usa blusa social e calça
jeans, com um sapato que bate nervosamente no chão.
— Não
acredito que você fez isso de novo... que vai ser expulso de outra escola! — Olhos
cheios de raiva, pausa para fumar. — Mas o que que tu tem nessa cabeça,
moleque? Merda!?
— Eles
que provocaram. — ele diz, seco. — Se alguém me provoca, eu bato mesmo! — Sorriso
desafiador no rosto.
Um
tapa faz o menino dar um passo para traz. Sua mãe treme de raiva enquanto se
aproxima e aperta o seu rosto com força, olhos com lágrimas e voz tremida,
enquanto diz:
— Quem tá provocando aqui é você! — ela
grita, sua voz ecoando pelos corredores da escola. — Será que não sabe ficar sem arrumar problemas, seu merdinha!?
Ela
larga o menino, que abaixa a cabeça para esconder as lágrimas que tentam forçar
saída, enquanto a jovem se recompõe e limpa o rosto. Vê também que seus gritos
atraíram a atenção indesejada de uma professora, que começa a andar em sua
direção.
— Foram
duas escolas já, Andy, não posso deixar você ser expulso dessa também. Tudo por
insistir em mandar as crianças dos outros pra enfermaria. — Pausa para apagar o
cigarro com a ponta do sapato. — Por sua causa vou ter que ter uma conversa com
a droga do diretor balofo.
Ela para
um instante e olha para o menino, com ar de culpa, enquanto diz:
— Me
espere aqui fora como um bom menino, viu? — E caminha na direção da professora
de olhar recriminador, enquanto um garoto finalmente deixa as lágrimas saírem.
[...]
Andy
volta a si sentindo cheiro de churrasco, de mato e de baba de cachorro. Quando
abre os olhos, percebe estar deitado na relva, sentindo dor na nuca e enjoo. Já
é noite, há um cachorro lambendo seu rosto, ao que ele se ergue, ficando
sentado e enxotando o cão.
Pelo menos não é outro gato, ele pensa.
A sua
volta, um acampamento: cinco barracas montadas, uma grelha acessa, uma
caminhonete e três motos estacionadas. Cuidando do churrasco tem um homem
enorme, gordo e imponente, de quarenta anos, com uma cabeleira castanho clara,
barba grossa da mesma cor, muitas tatuagens e pelos no peito descamisado. Próximo
a ele, o careca mal humorado, entornando vodca.
Sentados
em cadeiras tem o Malcon, com um prato de churrasco na mão e uma cerveja na
outra. Apoiada em seu peito, uma mulher na faixa dos trinta, cabelos e olhos
negros, um cigarro na mão e fumaça saindo dos lábios. Ela usa um vestido largo
que deixa seu corpo magro à mostra, com exceção de uma barriga de grávida de seis
meses.
Sentados
no chão, um garoto de quinze anos está cuidando do cabelo da Evelyn. O rapaz
veste uma calça justa, colete de couro, botas de salto, maquiagem escura e
franja branca em seu cabelo castanho escuro, dando um toque claramente
efeminado. Ela parece ser a primeira a notar que o estranho acordou, e faz um
gesto para o amigo deixar o que está fazendo.
Andy
levanta. Já de pé, só enxerga escuridão e árvores a sua volta. Evelyn faz um
gesto convidando para que se aproxime, enquanto se ergue com ajuda do colega.
Andy caminha na direção do grupo e então para, tentando entender qual seria o
propósito daquilo tudo.
— Andy
Valentine, quinze aninhos e sem grana, o que você faz por essas bandas, gatinho?
— Ela pergunta, enquanto joga de volta para ele sua carteira com documentos.
— Resolvi
andar por ai. Agora me diz o que tu tem a ver com isso? — Ele responde, após
pegar a carteira.
Ela ri,
e olha para o Malcon, que está mastigando um pedaço de picanha assada e
engolindo com ajuda de uma golada de cerveja. O garoto da franja aparece com um
prato de churrasco e uma garrafa de cerveja para entregar timidamente ao Andy, mas
o garoto simplesmente passa por ele irritado, derrubando-o com as coisas no
chão. Nesse momento, o careca dos piercings se enfurece, aproximando-se e apontando
uma arma para a cabeça do Andy, enquanto diz:
— É
melhor baixar a crista, babaca! Faz outra gracinha que eu estouro teus miolos e
dou tua carcaça pra o Boris ali comer (aponta para o homem gordo, que dá um
sorriso sinistro e lambe os beiços). Ou de repente, a matilha toda resolve
comer essa tua carne podre.
Só então
ele se dá conta da situação.
— “Matilha”?
Então vocês são lobisomens também? — ele pergunta.
Dessa
vez todos riem, exceto o garoto da franja, que se afasta e volta para perto da Evelyn,
um tanto envergonhado. Malcon anda na direção do Andy, faz um gesto para o Jeff
abaixar a arma e para, olhando para ele de cima, sua altura e músculos se
fazendo notar.
— Essa
é a minha matilha, garotinho, e eu sou o macho alfa desse território. — diz
Malcon, ameaçador. — Pelo jeito, você nem mesmo consegue farejar os da nossa
espécie, não é?
Andy
fica calado, sem demonstrar qualquer sinal de estar impressionado. Malcon
gargalha, depois aponta para cada um dos membros identificando-os pelos nomes:
— O
meu amigo esquentadinho e careca aqui é o Jeff, ele é bom com armas de fogo e
outros esquemas. — Jeff guarda a arma, enquanto olha ameaçadoramente para o
garoto.
— O
garoto metido a cabeleireiro é o Rickon, bom com qualquer coisa que possa ser
dirigida ou pilotada, e gosta dos tipinhos feito você. Acho que vocês podem se dar muito bem. — Rickon enrubesce.
— Evelyn
você já conheceu, a garota tem uma língua que faz milagres... — um sorriso
malicioso por parte de alguns do bando, olhar frio por parte da garota de
vestido. Evelyn só balança a cabeça, sorrindo. — ...Engana até o próprio Diabo!
— O
grandão lá embaixo se chama Boris, é forte como um touro, e gosta de matar com
as próprias mãos a comida. De vez em quando, dizem que ele come até gente. —
Andy não percebe, mas Evelyn e Boris trocam um sorriso de cumplicidade nesse
momento.
Malcon
caminha na direção da garota grávida, coloca a mão na barriga dela e, com um
grande sorriso no rosto, diz:
— Essa
aqui é a Peg, minha garota e a vaca mais letal que você já conheceu. — A garota
o beija, encarando Andy com frieza. — E essa coisinha que ela carrega na
barriga é o nosso garoto, meu lobinho que vai liderar a matilha depois que eu
morrer.
O cachorro
volta a se aproximar de Andy, latindo para ele e querendo brincar.
— Você
pode achar que dá conta de tudo sozinho, garoto, mas uma vez que se vira um
lobo, tem que aprender a agir como um. Um lobo pode ser forte sozinho, mas é em
bando que ele é foda. A matilha cuida um do outro, de noite ou de dia, e quando
agimos juntos, nada fica no nosso caminho.
Um
sorriso de concordância passa pelo rosto do bando, com exceção do Jeff. Malcon
coloca as mãos nos ombros do Andy e prossegue:
— Tô
falando de força, cara. De você não se preocupar com tiras, com lobos e nem com
vampiros! — Andy se esforça para disfarçar a surpresa ao ouvir falar de
vampiros, nunca parou para pensar nessa possibilidade. — Tô falando de grana, a
matilha sempre tem serviços que garantem uma puta grana! Inclusive, temos um
importante pra daqui uns dias.
Malcon
se afasta e olha para o bando, que instintivamente se põe de pé.
— Vamos
amigos, vamos mostrar para o garoto nossas formas verdadeiras. — Ele diz,
enquanto abre os cintos da calça e começa a tirar botas e jaqueta, seguido do
resto do bando.
— Que...
que diabo deu em vocês!? — resmunga
um Andy que vira o rosto de vergonha.
—
Vira o rosto não, gatinho. Vai perder meu striptease. — Evelyn diz,
enquanto se despe provocativamente. Atraindo um pouco de atenção involuntária
do garoto.
Então
começa o show de horrores! Cada uma daquelas pessoas passa pela transformação
em licantropo, assumindo formas que de certo modo mantém algumas semelhanças
com sua forma humana. Boris vira um monstro grande e robusto, com pelugem
castanha e presas que ficam para fora da boca. Jeff se torna um lobo marrom, de
focinho pontudo e mantendo os piercings. Evelyn assume uma pelugem cinza,
possuindo um corpo bem menor e mais esguio que o dos machos. Peg tem pelos
negros, um porte semelhante ao da outra garota, só que com uma sútil barriga
saliente, e Rickon tem porte físico parecido com o das meninas, além de pelugem
castanha.
E
então ele vê o Malcon, pelugem negra, maior e mais ameaçador que qualquer outro
que tenha visto, incluindo ele mesmo e o Jimmy.
— Sua vez Andy, mostre sua verdadeira forma!
— a voz do Malcon se tornou mais gutural e ameaçadora.
Andy
olha para aquele bando, para seu líder, e sem afetar medo o encara e responde:
— Não.
Não gosto dessa coisa de virar lobo.
Todos
ficam sérios. Andy vira as costas e diz:
— Não
curti esse lance de matilha não, tio. Prefiro fazer as coisas do meu jeito, sem
ter que cheirar o rabo de ninguém.
Uma
dor terrível percorre suas costas quando garras afiadas como facas a cortam!
Antes que possa reagir, o inimigo jogou o corpo contra o dele, empurrando em
direção ao mato e a um despenhadeiro que ele nem sabia que existia ali. Então
foi tudo dor e vertigem, uma sucessão de imagens girando até o corpo do garoto
parar na metade da ladeira, sangrando não só pelas costas, como por outros três
lugares em que se cortou durante a queda. Uma costela quebrada e sangue na boca
o fazem notar que continua vivo.
— Alguém
não parece mais tão confiante agora, né mesmo? — voz do Jeff, rindo e descendo
lentamente a ladeira.
Foi o idiota careca quem fez isso,
percebe.
Andy
esperava ao menos que tivesse sido o líder. Sinal de que até os mais fracos
podiam matá-lo. O garoto sempre gostou de brigas, se metendo nelas desde que se
entende por gente. Embora baixo, sua força, velocidade e resistência sempre
foram bem acima da média, o que o fizeram nunca perder uma briga de
um-contra-um, até hoje.
Merda, eu tô perdendo, conclui.
Ele
tenta se levantar, sente a costela e percebe que qualquer movimento errado resultará
em mais dez metros de queda. Acima, não só o Jeff, pode ver a cabeça de cada um
deles na escuridão, um sorriso de zombaria na face do Malcon, que fere
profundamente seu orgulho. E raiva, Andy sente muita raiva!
— Última
chance garoto, me mostre o que você é. — fala o líder, olhos frios. — Ou morra.
Ele
se levanta, limpa o sangue da boca com as costas da mão, olha para o Malcon e sorri
em desafio. Jeff perde então o controle, e desce em frenesi assassino na direção
do Andy. O garoto apenas fecha os olhos e abre os braços.
— Desgraçado! — Jeff
grita, puro ódio na voz.
— Não! — grita Malcon, lamentando a morte
do garoto sem ao menos testemunhar sua forma verdadeira. Sem tempo de parar o
ataque de um membro da sua matilha.
Jeff
salta com as garras estendidas e boca escancarada na direção do pescoço do
garoto, olhos cegos de raiva, a expectativa do prazer ao sentir os dentes destroçando
o frágil pescoço humano! Quando de repente...
[...]
Lua
cheia, poucas noites atrás.
— Concentre-se Andy, lembre-se de quem
você é! — grita Jimmy Duncan, em forma de licantropo e bastante ferido.
— Pense no que é importante pra você, naquilo que te traz paz!
Andy
cai sobre Jimmy, mesmo com uma coleira presa em correntes de aço no pescoço, e
muito ferido, ainda é capaz de ameaçar seu treinador. O mecânico força a boca
do garoto a permanecer fechada, faz questão de se arriscar ficando cara a cara
com a fera, na esperança de trazer sanidade a ele.
Mandy
observa a tudo realmente preocupada, já faz mais de uma semana que o
treinamento prossegue noite após noite, e o garoto que não gosta de revelar
nada sobre si não parece sair da fúria animalesca. Quando acorda, ele vai à
escola e some pelo resto do dia, mas sem nunca se abrir sobre o que sente com
relação a isso. Agora, tanto ele quanto seu irmão estão no limite, e ela teme pelo
desfecho dessa história.
Por
alguns instantes o lobo para de atacar, seus olhos revelando um pouco mais de
humanidade enquanto fala:
— Eu
ser... ser Andy. — Jimy solta um suspiro de alívio. — Eu Sou Andy. — ele repete, surpreso com as próprias palavras.
O
mecânico se aproxima do garoto com um sorriso na face monstruosa, satisfeito
com o avanço. Infelizmente o garoto toma o movimento brusco por ameaça, seus
instintos o dominando novamente, o derruba e desce com pressas e garras
selvagemente sobre o aliado surpreso. Uma sucessão de golpes brutais espalham
sangue e pele por todo lado, o mecânico sentindo pela primeira vez toda a força
do pequeno monstro. Questão de instantes até sua morte.
— Não! — grita Mandy, se colocando entre
os dois de forma inconsequente e com lágrimas nos olhos. — Não Andy... por
favor... ele é minha única família.
O
licantropo para a meio centímetro do pescoço da menina, os olhos dela fechados
de medo diante da morte iminente. De repente, ele reconhece o cheiro dela, sua
voz suave, sua necessidade de uma família. Reconhece Jimmy e Mandy Duncan,
reconhece aquilo que ainda é importante para ele. A única coisa que poderia
trazer alguma paz a sua raiva: família.
— Família... eu tenho uma família.
[...]
Em
algum momento do passado, vemos uma mãe chorando em um quarto de criança,
abraçando seu filho rebelde com todo carinho, enquanto repete olhando nos olhos
dele:
— Me
perdoa, Andy. Perdoa a mamãe... eu não queria ter dado aquele tapa em você. — ela
diz. — se tem alguém culpado aqui sou eu, acho que é tudo falta de um pai, de
uma família de verdade não é? Não é por isso que você bateu nos outros meninos,
porque hoje foi comemoração do dia dos pais e eles foram com os papais e você
não?
O
pequeno Andy Valentine, já de banho tomado e curativos nos machucados da briga,
finalmente deixa a mãe ver as lágrimas e a abraçando diz:
— Eu
tenho uma família de verdade mãe. Você é minha família, a única que eu
preciso.
[...]
De
volta ao tempo presente.
Um
grito de dor corta a noite fria.
Não
do Andy, mas do Jeff. Com olhos arregalados, o licantropo se dá conta de garras
fortes e afiadas apertando seu pescoço, impedindo a boca de se fechar sobre um
pescoço agora muito mais grosso e musculoso do que era à um segundo atrás. Andy
se transformou em um instante! Músculos sobre-humanos rasgando roupas e calçados.
Pelo branco contrastando com a escura noite, olhos vermelhos cor de sangue,
transmitindo toda a fúria que guarda dentro de si.
De volta ao despenhadeiro da matilha, um
bando de licantropos testemunha surpreso a reviravolta da luta.
— O
pelo dele, os olhos... não vi nada assim. — fala uma Evelyn estupefata.
Andy joga
o inimigo no chão com violência! Urrando de modo assustador, desfere uma chuva
de golpes sobre seu alvo, que não tem qualquer possibilidade de reagir. A
matilha assiste ao sangue de seu membro molhando a grama, seus ganidos de dor
deixando todos sem reação, enquanto garras e presas transformam seu mundo em
sangue.
Andy cessa
os ataques, largando o corpo ainda com vida do lobisomem despenhadeiro à baixo.
Ainda sob o olhar dos outros, ele sobe o caminho de volta, presas a mostra,
pronto para enfrentar todos eles se for necessário. As garotas e Rickon recuam
dele, enquanto Borges começa a andar em sua direção, repentinamente detido pelo
líder.
— Não,
ele já provou o que tinha que provar. — fala Malcon. — Agora, mais do que
nunca, quero você na matilha, garoto!
Todos
olham para o Andy, que passa direto pelo bando enquanto suas feridas começam a
se curar. Ele assume novamente a forma humana, olha para os trapos rasgados em
seu corpo, que chamava de roupas e calçados, para o acampamento e para Malcon:
o poderoso lobisomem que lidera a matilha, e diz:
— Já
disse que não curto esse lance. — Andy fala. — Tô indo embora, e é pra nunca
mais.
Todos
param surpresos, e Malcon solta uma gargalhada, voltando a forma humana. Ele é
seguido pelos outros.
— Se
quer bancar o lobo solitário, não vou ficar no seu caminho! — Ele puxa a Peg
para junto de si, a lambe e diz para os outros. — Rickon, arruma umas roupas para
o garoto e procura a carteira dele que caiu por ai. Cuidem do Jeff quando ele
acordar, não quero ninguém perturbando Andy Valentine a partir de hoje.
Pouco
depois, Andy está vestindo roupas do Rickon, as menos efeminadas que encontrou.
O garoto o observa a distância, se aproximando no fim para entregar a carteira.
—
Você fica muito bonito, quando está como lobo. — Ele diz, para um Andy que fica
obviamente irritado e vermelho.
—
Desculpa ai o empurrão, mas não curto essas coisas, falou. — Ele responde,
pegando a carteira e saindo de perto. No caminho, se depara com a Evelyn, já
vestida e o olhando debochada.
—
Você é fortinho lobão, pena ser muito pirralho e baixinho, senão até que eu te
dava uns pegas. — ela diz.
Andy
passa esbarrando nela, então para e responde, com um sorriso convencido:
—
Desculpa ai, mas não curto vagabunda, não.
Meia-hora
depois, Andy é deixado nos limites da cidade. Teve que aceitar ir vendado na
garupa da moto do Malcon pela maior parte do caminho, mas como foram só os dois,
e o homem mostrou estar desarmado, acreditou que poderia reagir se surgisse a
necessidade.
— Uma
pena não ter se juntado ao bando. Temos alguns trabalhos grandes pela frente,
coisa que daria grana pra um homem fazer a vida. Tem certeza que prefere
brincar de lobo solitário? — pergunta Malcon, sentado em sua moto e diante de
um Andy com roupas de couro apertadas.
— Não
volto atrás numa decisão. — Andy fala, virando as costas para o homem mais
perigoso que já conheceu. — Adeus.
O som da moto corta a noite fria da cidade,
deixando Andy com seus pensamentos, com frio, roupas estranhas e sem dinheiro.
Mas ainda assim, confiante.
[...]
Pouco
depois.
Do
alto de uma colina, na floresta de Bleak Hill, um grupo de lobos observa o
velho castelo de Adam Tepes. São cinco ao todo: duas fêmeas, dois machos, e à
frente, o macho-alfa, maior e mais ameaçador que todos os outros.
Olhos
brilhando na escuridão, mais expressivos do que é de se esperar de animais
irracionais, o líder da matilha olha para os outros, algo como um sorriso se
desenhando em sua face. Em um instante o animal se transforma em um lobisomem
grande e temível, músculos imponentes e voz gutural.
—
Depois que pegarmos o morto-vivo, podemos trepar no castelo, Peg. — fala o
monstro, que em forma humana se chama Malcon.
Uma
das lobas assume a forma humana, nua, abraça o monstro pelas costas e olha para
o castelo, entre risos. Ele uiva, alegre e impetuoso. A matilha o acompanha.
Em um
salão no castelo, Adam Tepes ouve, algo dentro dele pressentindo o perigo.
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