domingo, 24 de janeiro de 2016

Capítulo 20 - Missa Noturna


Catelo Tepes.

O vampiro adentra o salão secreto onde guarda suas maiores riquezas materiais. Desde o mês em que retornou dos mortos que não volta a esse lugar, e embora uma parte delas foram leiloadas por Lincoln, para levantar o dinheiro necessário para recomeçar sua vida no tempo atual, e outras foram espalhadas pelos cômodos do castelo, para sua surpresa, continua impressionante a visão das relíquias que esse cômodo guarda. Lincoln observa com preocupação seu mestre parando diante de uma velha arca fechada, seu objetivo ao voltar aqui. Destrancando calmamente a fechadura que prende a tampa, o vampiro é iluminado pelo brilho prateado do objeto que lá reside.

O mordomo se aproxima trazendo um par de luvas brancas, que o vampiro calça, antes de finalmente retirar o objeto de lá. Uma espada. Lâmina de prata, maior e mais pesada do que um homem poderia manejar com uma só mão. Não que para um vampiro como ele isso faça diferença.

Faz trezentos anos desde que empunhei você pela última vez, pensa ele, a única coisa que herdei do meu pai, para além do seu sangue e maldição. Assim como o instrumento de sua morte.   


Adam movimenta a espada com graça e habilidade, acostumando-se novamente ao seu peso, assim como seu brilho prateado e perigoso para os da sua espécie.

— Senhor Tepes, gostaria de lembrar-lhe de alguns pontos relevantes. — diz Lincoln — Sem dúvida que o senhor é um notável esgrimista, capaz de lidar com uma centena de homens, como nos relatos que a mim chegaram. Todavia, é prudente salientar que a sociedade atual conta com armas muito mais rápidas do que aquelas de seu tempo, e que nas mãos de pessoas treinadas, e até mesmo de vampiros treinados e rápidos, armas ou armaduras de metal podem ser facilmente suplantadas. Está mesmo certo de que não usará armas de fogo?

Adam embainha a espada, carregando-a em uma das mãos.

— Há pessoas à minha espera, meu bom amigo. Não há tempo para testar brinquedos novos.

Adam sobe então, até a mais alta de suas torres. Sentindo o vento em seus cabelos negros, usando o sobretudo com que retornou ao mundo, ele absorve a atmosfera daquela pequena cidade, suas luzes, a beleza realçada pela possibilidade da perda de tudo: da mulher que ama, da vida que tem construído... e o retorno dele

Passaram-se quase duas horas desde que o pequeno Tom instruiu Adam a aguardar pela sua ligação, com as coordenadas do local em que ele é aguardado, se quiser encontrar Claire com vida. Adam está de olhos fechados e braços abertos, concentrado em algo que Lincoln não consegue compreender, quando abre os olhos e responde:

— Chegou o momento, Lincoln. Reze por ela, e por mim.

O vampiro se lança do alto da torre, braços abertos e olhos fechados, numa queda mortal sob a luz da lua. O mordomo corre até a beirada da torre, seus olhos cheios de medo e ...curiosidade. Adam pode sentir novamente, um poder que há muito não sentia. Seu poder. Seus olhos tornam-se vermelhos e suas presas se revelam enquanto seu corpo cai em direção ao seu fim, mas pouco antes de atingir o solo, ele se desfaz, assumindo a forma sombria e sobrenatural de um enxame de morcegos. O som de muitas asas se faz ouvir sobre a cidade, e olhos arregalados de um homem comum contemplam o filho do Drácula com seu poder total novamente.

[...]

O garoto passa pelas faixas de isolamento da polícia, para conseguir entrar na casa. A porta está apenas encostada — não que ele não pudesse entrar caso estivesse trancada, mas assim chama menos atenção. O jovem veste apenas calças de hospital, com pés sujos de terra, enquanto avança devagar pela casa escura, se escorando, com mãos e rosto manchados de sangue seco. Andy acende apenas algumas velas, receoso de chamar a atenção de vizinhos fofoqueiros, enquanto olha para o primeiro lar que encontrou em anos. Agora vazio.

O cheiro de sangue está por toda parte: sangue dele, da Evelyn, do Jeff... o pensamento de que esses últimos dois estão mortos o ajudam a se acalmar enquanto contempla a bagunça. O garoto toma uma ducha de água fria, a água lavando todo o sangue presente em sua pele. Em sua boca também.

“Se... esconde”, as últimas palavras da Mandy para ele, o medo nos olhos dela indo e voltando em sua mente, a última coisa que ele viu da garota.

Ele soca a parede com força, a dor auto infligida servindo como penitência por ter falhado com ela.

Não, eu não falhei!, pensa ele, vou achar você, Hello Kitty.

Já lavado, vestindo roupas limpas e com o dinheiro que encontrou no armário do Jimmy, Andy parte até o bar de beira de estrada onde encontrará um meio de transporte até a igreja.

— Escutem ai, tô precisando chegar em Manschester, e agora! Quem tá a fim de uma grana pra me deixar lá? — O garoto pergunta, parado próximo ao balcão e encarando os fregueses.

Dentre os quatro fregueses, dois são um casal de meia idade que apenas sorri gentilmente e volta a comer. O terceiro é um jovem que o ignora, e o último, um caminhoneiro de boné e barba por fazer que o encara com interesse, deixando por um momento a cerveja e as fritas.

— Escuta ai, moleque, quanto é que tu tem pra desenrolar nessa corrida maluca ai? — ele pergunta.

O garoto anda até a mesa, tira o bolo de dinheiro do bolso de forma desleixada e bate com ele na mesa, dizendo:

— Acho que isso fecha, certo, coroa?

O homem sorri enquanto concorda, olhos brilhando pela quantia três vezes maior do que esperava conseguir para levar alguém pela cidade em que ele mesmo teria que passar após o lanche.

[...]

Um vulto corta o céu noturno, rápido e incansável, rumo a uma igreja abandonada. Dezenas de asas batendo em sincronia, dezenas de olhos focados em levar o vampiro ao seu destino, ao destino que foi definido para ele. Casas, árvores e pessoas passam como um borrão, apenas a sensação do vento, o sentido de urgência e a sede de sangue guiam a forma sobrenatural dele. Por um tempo que parece eterno ele voa, até finalmente chegar, a presença maligna de outros vampiros o atraindo até lá.

É um grande terreno o que separa a velha igreja das outras propriedades. Chapas de ferro feitas para isolar os transeuntes das obras, acabam servindo realmente para isolar o gado de seus predadores. Há carros e motos estacionados pela área, além de barracões, postos de vigilância feitos de madeira, e material de construção por toda parte. Adam volta a sua forma natural ao pousar diante das portas da igreja. Sob olhares atentos, ele se ergue, espada embainhada em uma mão, e ar majestoso. Cinco jovens com visual punk/gótico, armados com pistolas e semiautomáticas o encaram assustados, a presença do vampiro os paralisando de medo.

— Fala ae, senhor Conde. Os homens tão te esperando lá embaixo. — a voz é do Malcon, em forma humana. Jaqueta e calça de couro, músculos e tatuagens a mostra, assim como um sorriso desafiador enquanto mantém as mãos no cabo de duas pistolas de grosso calibre.

Embora a forma seja diferente, Adam reconhece o timbre da voz e o jeito, como pertencentes ao líder da matilha de licantropos que quase mataram Jeanne Hilton e ele, pouco tempo atrás. Sem resposta alguma o vampiro entra pelas portas da igreja, encontrado um cenário no mínimo revoltante. O interior da velha igreja está cheio de corpos nus e secos de vítimas de vampiros. Vítimas recentes, devido ao bom estado de conservação. Palavras em latim e romeno estão escritas pelas paredes e teto, escritas em sangue, ele percebe. Antigos quadros e imagens de Vlad Tepes tomam o lugar dos santos habituais, cada um deles com um corpo humano preso em postura de reverência, e drenado em sacrífico.

Adam pode sentir a aura de vampiros poderosos vinda lá de baixo, e diante do altar, vê a tampa levantada de um alçapão que guarda o caminho aonde o aguardam. Ele desce as velhas escadas, cheias de teias e rachaduras, além de mal iluminadas. Elas terminam em um amplo salão subterrâneo, dividido por meia dúzia de colunas gastas, com móveis antigos, tapeçarias, cortinas, lustres e no extremo oposto da escadaria, um túmulo antigo feito de ferro, com correntes por toda parte e o símbolo de um dragão vermelho esculpido nele. Um túmulo que Adam reconhece de pronto.

Então encontraram mesmo seu túmulo, pai?, pensa ele.

Diante do túmulo, um homem sentado em um banquinho de ferro. Um vampiro. Trata-se de um indivíduo alto, de porte elegante, pele negra, olhos castanhos e cavanhaque bem aparado. Veste um terno vinho, com colete, luvas e sapatos de cor cinza. Ele está sentado em uma velha cadeira de época, olhos fixos no vampiro que acaba de chegar.

Ele assobia, e em resposta um grupo de vinte jovens com visual gótico sai dos locais em que estavam posicionados. Idades variando de quinze à quase trinta anos, moças e rapazes, armados com punhais, bastões, pistolas, semiautomáticas e correntes. Eles olham para Adam com excitação, alguns visivelmente sob efeito de drogas. Alguns diminuem um pouco a distância entre si e o vampiro, outros destravam as armas e as apontam em direção a ele. Após isso, duas figuras saem da passagem na parede atrás do homem, vestindo mantos negros com capuzes. Ficam ao lado dele.

— O padre estava certo. Você não precisou mesmo das dicas do Tom para chegar até nós. — O vampiro diz, mãos à frente do rosto. 

Adam saca a espada, o brilho da prata reluzindo na semiescuridão, enquanto pergunta.

— Isso é mesmo necessário?

— Desculpe, mas preciso saber se realmente precisamos negociar com você. — O vampiro diz, ar sério — Caso contrário, é mais fácil subjugá-lo.

Ele assobia novamente, e o inferno começa.

[...]

Os dois jovens estão na sala de vigilância, monitorando as câmeras posicionadas no portão de entrada de cargas e em outros dois pontos estratégicos da área. O casal usa maquiagem forte e dividem (devidamente escondidos) uma garrafa de vinho tinto.

— Nossa...eu tô muito arrepiada, Nick! — diz a garota de cabelo verde, roupas pretas e pistola na cintura — Eles vão mesmo fazer isso, cara! Me dá tesão só de imaginar!

O rapaz de preto, lentes brancas e batom escuro como o dela a puxa para o colo, enquanto beija seu pescoço, derramando vinho sobre ele, como se simulasse o ato de um vampiro sugando o sangue da vítima.

— Tesão, gata, é? — o rapaz diz — Tá pensando que o Drácula vai querer fuder com uma vagabunda de quinta como você? Sério?

Ela dá um tapa nele, depois o beija lascivamente.

— Cala a boca seu cuzão, pois eu garanto que eu convenço qualquer um a me transformar em vampira, depois de uma bela de uma chu...

A fala dela é interrompida por uma lâmina prateada que atravessa seu pescoço, banhando o rapaz logo abaixo de sangue quente, segundos antes de uma segunda lâmina perfurar sua testa. Dois movimentos rápidos, e ninguém mais para vigiar coisa alguma. Roger observa tudo pela mira telescópica da sua arma, olhando para o Golem com apreensão. Ele veio disposto a matar monstros, vampiros, talvez até lobos. Mas não para executar delinquentes comuns, quanto mais quando não passam de jovens. Paul olha para o telhado do armazém onde Roger está, e mesmo sem discernir sua expressão, sabe o que o ex-policial está pensando:

— São escória, detetive. Roubam por eles, matam por eles, sequestram por eles. — O Golem fala através do comunicador na máscara — Tudo para se tornarem vampiros também. Só estou matando serial killers em potencial.   

Paul veio totalmente preparado. Com sua roupagem completa, uma couraça de material altamente resistente a tiros, principalmente nas áreas vitais, máscara de metal semelhante a pedra e capa negra. Lâminas curtas e armas de fogo, balas de prata e silenciadores. Roger não tem condições físicas adequadas para missões de infiltração como essa, algo que poucos teriam, na verdade. Por isso a decisão do Paul de treinar com ele tiro a longa distância, com rifles e fuzis, de modo que nesse tipo de situação ele possa cuidar da retaguarda do mascarado. O ex-detetive sempre teve talento com armas, e embora não seja nenhum atirador de elite, foi capaz de manter o Golem ciente das ameaças discerníveis em seu campo de visão ampliado. Além de eliminar uma delas, após três tiros falhos, exatamente na hora em que o alvo avisaria os outros. Já são oito corpos deixados para trás sem que qualquer tiro ou aviso fosse disparado, porém o objetivo do Golem é entrar na igreja, e embora seus ataques sejam rápidos e eficientes, é questão de instantes até que saibam sobre ele.

Não acredito que o Tepes veio pra festa sem me avisar, pensa Paul, maldito sangue-suga.

Ele está ciente da chegada do Adam em forma de enxame, e sua entrada sem qualquer derramamento de sangue, o que serviu de incentivo para sua entrada logo em seguida, se aproveitando da distração generalizada.

— Alvo nove metros a sua esquerda, grande e peludo, parece estar farejando algo. — Roger avisa, tenso.

Quem está em seu encalço é Borges, o lobisomem de corpo grande e largo, barriga protuberante e presas inferiores que saltam da boca. Estão na área de material de construção, com montes de areia, pedras, e vergalhões. Entre os dois, um trator enferrujado. O Golem desce de cima do trator com as lâminas em punhos, Borges reage no último instante, rápido o suficiente para evitar que elas atravessassem seu crânio. No tempo que o monstro leva para compreender o que aconteceu e contra-atacar, o mascarado desfere um golpe cruzado em forma de x, que corta superficialmente a garganta do lobo. 

Borges sente o sangue na garganta vazando, a prata de que a lâmina é feita tornando o golpe mais letal do que normalmente seria para ele. Ele desfere uma série de golpes violentos com suas grossas patas, um deles jogando o Golem contra um dos montes de pedra, que caem sobre ele. Roger tenta acertá-lo, mas com o monstro em movimento, precisaria de muita sorte para fazê-lo a essa distância. O monstro leva uma das mãos ao pescoço, ciente que sua capacidade de regeneração não vai deixá-lo morrer, mas incapaz de avisar aos outros. Ele sente raiva, muita raiva daquele boneco de ferro invasor, e também fome. Para ele matar e comer sempre estão interligados.

O grande lobo grune enquanto tenta alcançar os pés do mascarado caído, que surpreendentemente se move com agilidade, bloqueando o avanço dele com os pés, desviando de mordidas e em seguida rolando para atingir com um giro os tornozelos do lobo, que cai de joelhos em meio a dor... mas agarrando o pulso dele no processo. A força do licantropo é enorme, fazendo Paul deixar cair a lâmina da mão que foi pega, a outra lâmina é detida pelo braço do Borges, que embora seja gravemente ferido, acaba prendendo-a e não deixando espaço para o assassino recuperá-la. Paul está numa situação difícil, consegue enxergar a carne do monstro aos poucos se fechando, a baba se misturando ao sangue escorrendo de uma boca cheia de dentes que fica cada vez mais perto de seu pescoço encouraçado...

O movimento seguinte é uma cabeçada, descendo como um pedaço de pedra sobre a nuca da criatura. Paul repete o ataque e emenda com uma joelhada na altura do pescoço, reabrindo a ferida e tirando o fôlego da criatura que se vê obrigada a soltá-lo. O Golem salta então sobre as costas do monstro, e antes que ele tenha tempo de pegá-lo encrava os dedos com toda força na mandíbula da criatura, usando toda sua força e peso nas costas do monstro, forçando seus ossos e carne até destroça-los. O crânio do Borges é enfim quebrado, seu corpo pesado caindo sobre a areia, logo revertendo a forma humana. Deixando um cadáver de um homem grande, gordo e nu, com a mandíbula quebrada e o pescoço rasgado.

— Eu....realmente fiquei preocupado, Paul. — voz do Roger.

— O Golem é um símbolo, detetive. — Paul diz, recuperando o fôlego e com o caminho livre até a parte lateral da igreja. — Símbolos não podem morrer.

[...]

Os tiros acertam o vazio enquanto o vampiro se move com velocidade sobrenatural, pegando impulso pelas paredes até chegar nos primeiros adversários. Sua espada decepa a mão de um rapaz de cabelos pintados de branco, enquanto sua mão livre esmaga o nariz de um segundo inimigo, arremessando-o contra a parede. Os gritos de desespero e agonia do rapaz de joelhos quase são capazes de abafar o som dos ossos do segundo sendo quebrados pelo impacto, que o leva a inconsciência. No momento seguinte, cinco jovens com armas corpo-a-corpo avançam contra ele, alucinados. Duas garotas portando bastões de baseball reforçado com placas e espinhos de metal, e três homens, um com correntes e outros dois desarmados, mais com porte e postura de lutadores.

Os primeiros ataques são das garotas de bastão, as duas de cabelos negros, parecendo irmãs pelas semelhanças que o vampiro consegue notar por baixo da maquiagem. São golpes desajeitados, e previsíveis, ele deixa para desviar apenas no último instante, sabendo que as garotas perderiam o equilíbrio e passariam direto por ele, uma delas caindo no chão devido a força do próprio golpe. Em seguida a dupla de lutadores, um mais alto de cabelos pintado de azul e outro mais musculoso e sorridente, se posicionam tentando flanqueá-lo, buscando alguma vantagem. O primeiro aposta em um chute giratório na altura do rosto de Adam ao mesmo tempo em que o segundo tenta derrubá-lo, onde pode usar do seu conhecimento em jiu-jitsu para imobilizar o adversário. Na outra ponta o garoto da corrente tenta prender seu braço da espada, neutralizando seu contra-ataque.

Adam bloqueia o chute com a mão contrária, segurando a perna do adversário, enquanto resiste a investida daquele que tentou derrubá-lo, e deixa sua mão da espada ser pega pela corrente. O vampiro usa o corpo daquele que tentou chutá-lo como arma contra o adversário abaixado, usando a perna dele como cabo, e o corpo como uma marreta. Nesse momento o garoto da corrente usa toda sua força para tentar desarmá-lo, percebendo em seguida que o próprio vampiro é quem o está puxando. Antes que pense em largar a corrente, seu peito é trespassado pela lâmina prateada, que Adam retira para então encravá-la nos corpos sobrepostos dos dois lutadores caídos. Assim que a espada é arrancada das últimas vítimas, uma saraivada de tiros obriga o vampiro a usar o corpo de um deles como escudo, enquanto chega até uma das colunas.

Foram cinco vítimas até agora, e embora as garotas de bastão estejam se arrastando para longe, cheias de medo, outro daqueles jovens estúpidos parecem cada vez mais animados, como se o sangue que ele derramasse os deixasse ainda mais excitados. Entre os olhares de medo, raiva e excitação, um em especial lhe chama a atenção. Vem de uma garota ruiva, com saia preta, botas longas, luvas, e maquiagem, com uma pistola na mão. Ela não faz nenhuma menção de atacar, apenas seguindo o vampiro com olhar de admiração, completamente fascinada pela figura dele. Mais tiros, dois ou três deles atravessam a coluna e conseguem penetrar sua pele, levando Adam a focar-se novamente na batalha.

Ele aproveita o padrão de intervalo que percebeu entre os tiros e recarga de armas e avança contra os atiradores nessa hora. Alguns tentam correr, mas o vampiro é mais rápido. Sua espada descreve arcos precisos retalhando a carne de sete atiradores, mãos, orelhas e pernas são decepadas. Os quatro rapazes recebem golpes fatais enquanto que as três atiradoras são feridas, mas não mortas. Ao lado deles, apenas a ruiva restou sem tentar fugir ou reagir, olhando com verdadeira adoração enquanto o vampiro limpa o sangue da lâmina nas roupas de um dos cadáveres. Som de tiro, e sua admiradora atira na cabeça de um dos jovens que apontava uma semiautomática contra o Adam.

— Você é o ser mais perfeito que eu já vi. — ela diz, olhando para ele. — Sou totalmente sua.

Adam olha para os jovens restantes, entre aqueles que ainda não fugiram, e declara:

— Quem quiser viver, que vá.

Aqueles em condições de sair começam a correr o máximo que podem. O vampiro que apenas observava até agora levanta-se.

— Suas habilidades são realmente surpreendentes... — enquanto saca uma espada que estava posicionada ao lado do túmulo — Mas não estou impressionado.

Adam sente a presença dele, ameaçadora e poderosa. Um vampiro muito antigo, sem dúvida.

— Faz séculos desde a última vez em que enfrentei alguém capaz de me fazer lutar com toda minha capacidade. — Olhos nos olhos — Não me decepcione, Adam Tepes.

[...]

O caminhoneiro dirige rápido, uma exigência do Andy. O garoto fez questão de pesquisar o endereço no Google antes de ir, e após chegarem a uma área industrial deserta, o garoto enfim avista o lugar que arrancou da Evelyn.

— Tá ai moleque — resmunga o sujeito, bafo de cerveja e parando o caminhão de carga. — A rua é essa, quero nem saber pra que merda que tu quer vir pra um lugar desses a essa hora.

Andy olha para os muros, e fica pensativo. Reflete sobre os inimigos que deve encontrar lá dentro, lobisomens, vampiros, quem sabe até humanos comuns. Olha para o lugar, para as ruas, para o volante e para o caminhoneiro.

— Qual, é moleque, desce lo... — O garoto bate com a cabeça do sujeito contra o volante, o deixando inconsciente. Depois abre a porta ao lado do motorista e o coloca no chão, assumindo seu lugar.

— Espero que a grana cubra isso também. — Andy acelera, olhando para o portão do terreno da igreja. — E que tu tenha a merda de um seguro.

O portão é arrombado por um caminhão que se choca violentamente contra ele, e Andy Valentine, está enfim diante da igreja.


A batalha dos outros prossegue, e a do Andy começa.

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