sexta-feira, 22 de maio de 2015

Capítulo 6 - Brincando de Gato-e-Rato


Residência dos Winnicott, noite.

Em uma casa grande e com quintal ainda maior, uma jovem sai do banho com uma toalha cobrindo o corpo e outra enrolada na cabeça. Uma gata se espreguiça ao som de Amy Winehouse, enquanto sua dona usa o secador de cabelo e passa maquiagem no rosto. Desfilando um corpo de belas curvas, passeia nua pelo quarto, um conjunto de cama, armário, mesa de computador e escrivaninha, seu santuário particular.

Detendo-se diante de um colar em forma de cruz, a garota coloca-o no pescoço, lembrando-se daquele que lhe deu o presente, do beijo intenso que deram na noite da festa. Algo que mexeu com ela como nada antes já fizera. Ela ri ao notar que ficou levemente ruborizada, e dançando sozinha diante do espelho, se entrega a música.

Adam...Adam Tepes. Quem é você realmente? Capaz de me virar de ponta-cabeça em um piscar de olhos, capaz de me deixar totalmente caída em tão pouco tempo.

A gata pula na janela do quarto, localizado no andar de cima e sem casa alguma em frente, de onde pode se ver à distância, um velho castelo em cima de um monte.

Logo eu, que sempre esnobei caras populares ou ricos, que procurava motivos para terminar, apenas por não sentir que valia a pena continuar...por não me sentir pronta para...

Ela fica novamente envergonhada, e cobrindo-se com a toalha, vai lentamente até a janela. Acaricia a gata, sua maior confidente, e olha para o castelo, lar do misterioso homem que conheceu.

Por que seria tão simples me entregar à você, como nunca me entreguei a ninguém? Sei tão pouco sobre você, e ainda assim, me sinto incapaz de duvidar, de me afastar, me proteger.

Não se pode fugir de um amor que transcende o tempo.

Diz uma voz em seu coração, suave e distante... mas estranhamente familiar.

— Acho que estou ficando louca, Fiona. — Diz, para uma gata preguiçosa.

— Quem é você, Adam, capaz de me tirar o chão e a sanidade?



[...]


De volta ao restaurante.

Pietra olha abismada para o famoso Adam Tepes, um jovem de boa aparência, de olhos azuis e cabelos negros amarrados em rabo de cavalo, terno e sapatos pretos. Tem porte elegante e ao que parece, está junto da vampira Jeanne Hilton, seu alvo original.

— Parece distraída, está tudo bem? — pergunta Paul.

A mulher volta a si, morde um grande pedaço de frango que empurra para baixo com vinho, e só então responde:

— Aquela mulher, você sabe se é amante do tal Adam?

Paul para e observa o casal, propositalmente escondido por trás de uma família que conversa à frente.

— Não conheço, sei de uma aluna minha que tem um lance com ele, mas... É uma bela mulher aquela ali, no melhor estilo “mulher fatal”. Elegante, provavelmente rica... Daqui a pouco vão dizer que é vampira também, não acha?

— ... o que sabe sobre vampiros, professor?

— Coisas de filmes e livros. No geral, são mortos-vivos que bebem nosso sangue, sedutores, poderosos, tem uns que viram morcego, outros hipnotizam, tem filme em que até brilham. — ele ri.

— Há sempre alguma verdade em meio a ficção, mas o fato é que são todos demônios. E são reais.

— Está me dizendo que vampiros existem mesmo, e são ... demônios? — pergunta o professor, mal disfarçando um olhar de desprezo. — Está falando sério, Pietra? Acredita mesmo nisso?

— Quer mesmo saber, mestre Davis? — Ela limpa a boca e põe a mão no ombro dele. — Serei verdadeira com o senhor, mesmo sabendo que não crerá em minhas palavras. Um vampiro é um demônio em corpo humano, uma besta maligna que só existe para matar e se proliferar sobre a Terra. Quando um pecador é morto por um vampiro, um demônio pode se apossar do corpo dele, e ai nasce outro vampiro. Não existe nada de humano ou bom neles, são o puro mal encarnado, os emissários do Diabo!

Paul fica abalado por alguns momentos, seca a taça para ajudar aquilo tudo que ouviu a descer, e se concentra em reprimir lembranças que teimam em invadir sua mente. Lembranças de uma mulher à quem amou, uma mulher que não é mais humana.

É claro que existe algo de humano neles, é claro que se lembram da vida antes de virarem monstros.

Eles tem que lembrar!, pensa ele, Ela não pode esquecer de mim.


[...]


Na mesa mais próxima da banda, ao som de clássicos do jazz, Adam e Jeanne dividem o melhor vinho da casa.

— Você é um cara de bom gosto, Adam, só que um tantinho extravagante demais. — diz ela.

— Acha mesmo? — pergunta ele, rindo.

— Mora em um castelo, anda de limousine... preciso continuar? Não bastasse isso, ainda exibe esse sobrenome que sabemos, não pode ser seu.

— Então duvida? — Põe a mão no bolso e de lá retira um broche dourado com uma insígnia dos Tepes.

Ela segura o objeto, observa por alguns instantes e devolve ao dono, olhar cético.

— Uma coisinha bonita, mas eu aposto que posso achar algo do tipo na Amazon ou no E-bay. Ou de repente, você mandou fazer... boas falsificações enganam qualquer leigo.

Adam guarda o broche, depois fala:

— A senhorita é desconfiada mesmo, hein? Conheço um professor que reconheceu uma peça bem menos óbvia.

A banda começa um solo de gaita, Jeanne bebe sensualmente, apoia a taça na mesa e põe as mãos sobre as pernas cruzadas, perguntando:

— O que está rolando entre você e a loirinha da festa? Claire, não é? Ela é muito bonita, com olhos intensos e cheia de vida. — A vampira passeia com os dedos pelos próprios lábios — Será que você a dividiria comigo? Seria um ... símbolo da nossa amizade.

Adam a encara com olhos de assassino, por um momento sua presença se fazendo tão intensa como quando despertou. Como na noite em que Jeanne o sentiu, mesmo estando à quilômetros de distância.

Ela é minha, se alguém mais tentar encostar nela... morre.   

A poucas mesas de distância, Pietra sente aquela força intensa e maligna enchendo o lugar. A caçadora leva instintivamente as mãos as armas.

Há muitos inocentes aqui, pessoas que não posso sacrificar por um mero capricho meu, pensa ela. Acalme-se, os demônios sucumbirão no momento certo.

De volta aos vampiros, Jeanne começa a rir incontrolavelmente, deixando Adam desconcertado.

— Ai, ai, não precisa ficar tão nervoso, é brincadeira! — volta a rir —Consegui sentir essa sua aura assassina novamente, tão intensa, foi... excitante. Dá pra saber que você é muito antigo, só queria saber o quanto.

— Já lhe disse meu sobrenome, pode supor o quão antigo eu sou, não pode? — Ele diz, a encarando seriamente e se inclinando em sua direção. — Acho bom se lembrar disso.

A vampira se inclina também, até ficarem com os rostos muito próximos, até quase encostarem os lábios... e então sussurra:

— Estamos sendo observados, Tepes, me faria o grande favor de não chamar tanta atenção?

Ele volta a sentar-se e beber, contrariado e esperando explicações.

— Me escute e seja sútil. — sussurra ela — Quatro mesas atrás de nós tem uma mulher enorme de sobretudo que não tira os olhos de mim, desde que chegou.

Adam tenta visualizar disfarçadamente, percebendo que a mulher realmente os observa. A vampira prossegue:

— Eu até podia pensar que é uma sapatão que me achou gostosa, mas o perfil me diz outra coisa: caçadora de vampiros. Um homem se juntou a ela depois, ele é diferente. Ou não tem interesse em nós ou é um ator melhor.

Adam olha novamente para a mesa, dessa vez percebendo o homem. Ele sorri, se levanta e fala:

— Lembra-se que falei sobre um certo professor? Aguarde um minuto que o trago aqui.

Jeanne pensa em protestar, mas ele não lhe deixa tempo para isso. Saindo da mesa, se dirige calmamente a mesa do professor e da madre. Paul ainda está abalado com as últimas palavras da mulher, embora faça o possível para disfarçar. Por conta disso, não percebe a aproximação do vampiro.

Pietra por outro lado, não apenas vê o homem de preto se aproximando, ela sente sua presença. Com o corpo tensionado e a mão disfarçadamente segurando uma lâmina prateada, observa cada passo dele.

Santo Deus, o que o demônio quer vindo em nossa direção? Sei bem que posso trucidar a mulher, mas não vim preparada para enfrentar outro de poder desconhecido.

— Professor? — diz Adam, arrancando Paul de suas lembranças.

Ele olha para o vampiro, surpreso, percebe então a postura da caçadora de quem está à ponto de fazer uma bobagem, e instantaneamente volta ao seu papel.

— Adam Tepes, não esperava vê-lo de novo tão cedo. — diz ele, sorriso no rosto e aperto de mão, em seguida olhando para a madre. — Pietra, esse é Adam Tepes, o famoso Conde Drácula de Bleak Hill.

Ela apenas faz um aceno com a cabeça, o rosto sério. Adam se senta ao lado dos dois, retira do bolso o broche dourado e o mostra à Paul, dizendo:

— Minha amiga duvida da autenticidade desse broche, por sorte encontrei aqui alguém que pode provar a ela que está errada.

Paul examina o objeto por alguns minutos e então devolve ao dono, enquanto diz:

— É bom lembrar que não sou um profissional da área, mas parece realmente uma peça do século XV, do Império Otomano. O símbolo do dragão entalhado parece saído mesmo dos tempos do Vlad Dracul! — fala ele, encarando a madre.

Ela parece paralisada, por um momento esquecendo de respirar.

Mãe de Deus, será que ele é mesmo o lendário Drácula?

De posse do broche, o vampiro fala:

— Então venha comigo um momento e repita isso para a minha amiga, prometo pagar o que quiser do restaurante.

Paul analisa a situação, o vampiro lhe convidando para a outra mesa, a provável vampira que aguarda nela, e Pietra o encarando. Então responde:

— Que indelicado da sua parte, Tepes, me convidar ignorando a mulher ao meu lado.

Paul se levanta, puxa a mesa ao lado, junta as duas e diz:

— Peça para sua amiga se juntar a nós, vamos nos divertir um pouco.

Adam observa a cena inesperada e ri, depois volta a se sentar e faz um gesto para a vampira, a convidando para “o circo”. Ela fica por alguns instantes sem ação, depois levanta elegantemente e desfila em direção a mesa, garrafa de vinho em mãos. Para diante do grupo, olhos frios para a caçadora.

— O professor Davis insiste para que nos juntemos à ele e sua amiga. — diz Adam.

— Me chamo Pietra, é um prazer conhecê-la, senhora...? — pergunta a madre, mão estendida devidamente ignorada pela vampira.

— Jeanne Hilton. — ela diz, olhar altivo. — Não é assim que garotas se apresentam, querida.

— Mas eu insisto. — diz a caçadora, segurando com força a mão dela, seus três anéis de prata queimando a pele da bela mulher.

A vampira solta um leve gemido de dor, se afasta escondendo a queimadura e observa o trio, formado por uma caçadora nada sutil, um intelectual misterioso e um vampiro que parece querer ver o circo pegar fogo.

— ... quem é você mesmo? — pergunta para Paul, enquanto se senta. A mão dentro da bolsa empunhando uma arma escondida.

— Sou só um professor, alguém que busca a verdade e deseja ver o sol do conhecimento nascendo sobre todos. — diz ele, sarcástico, enquanto dá uma garfada numa porção de carne e estende para Adam.

— Coma um pouco, Tepes! Parece que só sabe beber, nunca o vi comer nada! — ele exibe um sorriso maldoso, e então se vira para Jeanne, dizendo:

— Pode comer do bife senhorita Hilton, está do jeito que vocês gostam, mal passado... pingando sangue.

O grupo se encara, Adam toma a palavra:

— Pare com essas bobagens professor, a senhorita Jeanne duvida da autenticidade da minha joia, o que pode dizer a ela sobre isso? 

— É verdadeira, pode ficar tranquila sobre isso. — Paul diz. — Parece que o senhor Tepes tem facilidade em conseguir peças antigas, assim fica até difícil para um homem como eu não dar crédito aos boatos sobre ele.

Adam sorri, balança a taça novamente cheia de vinho ao ritmo do jazz, e responde:

— Eu já lhe disse que não aceito falsificações. Se desse mais valor as minhas palavras, saberia que digo a verdade sobre meu sobrenome.

Silêncio, cada qual se examinando discretamente.

— E então professor, parece que gosta de andar com gente perigosa. — fala a vampira. — De um lado o Drácula, do outro... — Aponta para Pietra, tom de desprezo. — Essa mulherzinha bruta e desagradável.

Pietra a encara, firme. As duas preparadas para eliminar a outra ao menor sinal de ameaça.

— O que é isso senhorita? Isso lá é modo de se dirigir a uma madre católica? — diz Paul, e volta a comer.

Jeanne Hilton e Adam Tepes não conseguem esconder a surpresa na face, a madre faz uma expressão de censura para o professor, que apenas mantêm o sorriso maldoso.

— Uma madre, é verdade? — pergunta Adam.

— Sou madre ordenada pela santa Igreja Católica Apostólica Romana. Minha missão de vida é proteger os filhos de Deus, trazer a luz da salvação à esse mundo... Dissipando as trevas que reinam nele! — diz, séria.

— Madre e feia desse jeito, aposto que ainda é virgem. — fala Jeanne, com acidez.

Pietra fica ruborizada, Adam leva a mão a face e Paul só observa.

— Quer dizer, isso se algum padre pedófilo ou freira sapatão não tiver comido você. Fala pra mim, como é ser fudida por um velho de vestido?

Pietra perde o controle por um momento, desferindo um murro na face da vampira, um golpe rápido e forte o suficiente para lançar a bela mulher ao chão, mas felizmente, detido pela mão de um vampiro com velocidade superior. Adam sente a mão queimar enquanto segura o punho da madre, os olhos dela refletindo ódio, quando então a caçadora recolhe a mão. Jeanne sorri maldosamente, provocando ainda mais a mulher, os movimentos foram rápidos, não chegaram a chamar atenção de muitos dos presentes.

— Melhor guardar essa língua afiada, garota, quase fez a boa madre quebrar seus votos, junto com sua cara. — diz Paul, secretamente pensando:

Um confronto direto e com testemunhas não será boa ideia, tenho de usá-la de forma mais inteligente.

Jeanne se levanta, retira a mão da arma e fala educadamente com Adam:

— Será que não tem um lugar mais discreto para conversarmos, senhor Conde?

Ele olha para a mão queimada, depois sussurra, contrariado:

— Que seja, vamos ao meu castelo então. Eu posso ligar para o meu chofer, o que acha? — pergunta ele.

— Eu acho... Que não. — sussurra ela — Vamos no meu carro, acho mais seguro e mais rápido.

Jeanne segue em direção a saída, Adam se detêm para falar com o incomum casal, enquanto acerta a conta com o garçom.

— Até outra noite, professor. — Se vira então para Pietra. — Reze por mim, madre.

Já do lado de fora, antes que ele chegue ao carro, um possante vermelho de quatro portas estaciona ao lado, revelando rostos que Adam não esperava ver hoje.

— Boa noite, rapaz! — fala Thomas Winnicott, sorriso no rosto ao volante do carro. — Veio para a inauguração, também?

Enquanto Adam concorda, vê as portas de trás se abrindo. De um lado sai uma senhora bem arrumada, sorrindo gentilmente para ele, que o vampiro deduz ser a esposa do homem e mãe da Claire. Da outra porta, a própria Claire, com um belo vestido e o crucifixo a mostra. As duas abrindo seus guarda-chuvas para não ficarem ensopadas.

Isso não dará certo, ele pensa.

Só então a garota o percebe, exibindo um sorriso encantador em resposta. Ela vai em direção ao homem em quem tem pensado cada vez mais, e ergue o guarda-chuva para que ele caiba também embaixo dele.

— Que surpresa, não esperava encontrar você aqui hoje. — diz ela, deslizando a mão suavemente em seu rosto — Já está mesmo indo? Se puder ficar um pouco...

— Adam, vem logo pra dentro! — grita Jeanne, ao volante, buzinando. — Quero chegar logo no seu castelo, pra gente se aquecer.

Adam fica parado, sem saber como evitar um mal entendido.

Maldita vampira, ele pensa, vou arrancar seu coração e esmagá-lo.

Claire olha para a direção do carro que está próximo deles, só então se dá conta da mulher que está ao volante e acaba de gritar. A mesma da festa, atraente e cínica, do tipo que leva homens para a cama sem nenhum esforço. Ela olha nos olhos dele, e sentindo que as lágrimas começam a tentar forçar saída, desvia o olhar.

— Que bom saber que continuam cuidando de negócios. — ela diz, raiva mal disfarçada na voz. — Agora entendo por que anda tão ocupado, Adam, mas não se preocupe. A partir de hoje, não vou mais tomar seu tempo.

— Claire, não pense que... — ele tenta começar uma frase, interrompida pela garota.

— Até nunca mais senhor Tepes, espero que se aqueçam bem no seu castelo. — ela diz, retirando o colar em forma de cruz e jogando-o numa possa de lama. Então dispara rumo ao restaurante.

Adam tem o impulso de correr atrás dela, quando sente uma mão firme no seu ombro, e vê que é do pai da Claire.

— Nem tente explicar rapaz, nem tente. — Olhar de censura num rosto de bigodes fartos.

A família entra então no restaurante, a mãe da garota com olhos condenatórios pelo que presenciou. Adam pega o colar, olhando para o objeto e pensando no que esse momento pode representar.

— Deveria matá-la. — sussurra para a vampira, que apenas sorri e abre a porta em resposta.

— Já estou morta querido, sou uma vampira, lembra?

Ele entra no carro, sabendo que não vale a pena demonstrar ainda mais a motorista o quanto a Claire é importante para si.

Essa é realmente uma cidade pequena, pensa ele. E eu, realmente um estúpido!

O carro mal dá a partida, professor e madre saem do restaurante. Ele avista uma Claire abatida entrando no local e, desviando dela, diz a caçadora:

— Está vendo aquela garota triste? Ela é a minha aluna, a amante do Tepes.

Pietra fica ainda mais brava ao ver a cena, e sai do lugar esbarrando na porta. Ignorando a chuva ela entra na picape, quando lembra de se despedir de Paul, se dá conta que ele já está entrando no carro, pela outra porta.

— O- o que pensa que está fazendo, professor Davis!? — pergunta ela, surpresa.

— Se você vai atrás deles, eu vou com você! — ele diz, sério. — Eles vão ao castelo, eu conheço o caminho, você precisa de mim.

Ela olha para o carro se afastando na chuva, depois pergunta:

— E o que acha que vai acontecer agora? O senhor, que parece cético, tem consciência de onde está se metendo?

Ele desvia o olhar dela, fica olhando para o nada por um tempo.

— Claire é minha aluna, sou responsável por ela. — pausa dramática, olhar triste em direção à mulher. — Se você estiver certa sobre ele, sobre eles... Quanto tempo até que ela morra!?

Uma lágrima escorre pelo rosto do homem, que prossegue:

— Que se dane se eles são vampiros, demônios, ou sei lá o que! Não posso deixar uma garota inocente morrer e não fazer nada. Mesmo que... mesmo que...

Mãos trêmulas no carro, tom de voz transmitindo tristeza. — ...que eu perca minha vida para isso.

Ela coloca timidamente a mão sobre o ombro dele, o encara com um olha confortador, e então responde:

— Deus escolhe as coisas fracas do mundo, para envergonhar as fortes, professor. — Liga o carro, acelera ao máximo. — Sabe atirar, Paul?

— Fiz curso de tiro, sei o básico. — ele fala, com seu melhor sorriso.


E uma nova caçada se segue.

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