Nem para o sol nem para a morte se pode
olhar fixamente.
A
frase acima não me pertence, mas sim, ao filósofo favorito de Marjorie. Sim,
aquele da França. Me vi obrigada a lhe dar razão, pois fechar os olhos foi o
primeiro passo do meu salto para a morte. Senti o vento gélido da noite contra
o meu corpo em queda, o contato de finas gotas de chuva e o som abafado sobre
meus ouvidos. Meu coração estava disparado e meu corpo todo tremia, mas eu
sabia que aquilo acabaria em um instante. A
vida é mesmo algo efêmero.
E então,
o inesperado.
Senti
braços firmes ampararem meu corpo, me segurando pelo tronco. Antes que pudesse descobrir
a quem pertenciam, vi que ainda estava em queda, mas dessa vez, em direção
horizontal. Meu salvador protegia meu corpo o envolvendo contra o seu, enquanto
suportava os sucessivos impactos contra o chão molhado de uma torre próxima. Por
um momento, me senti novamente desamparada e em plena queda, mas logo sua mão
voltou a me segurar. E então eu o vi: Peter.