É uma
noite fria, em que densas nuvens choram sobre corpos de vivos e mortos. Diante
do castelo, um espetáculo de sangue e morte que somente seu amado é capaz de
proporcionar. O som de carroças e cavalos, disparos de mosquetes e de bestas,
gritos de homens e animais em pânico... Ela assiste a tudo isso sem muita
esperança, algo em seu coração, dizendo que é o fim. Adam partiu para o campo
de batalha, determinado a exterminar cada um daqueles muitos homens que ameaçam
sua casa.
Na defesa
do castelo, apenas uma dúzia de homens. Gente da própria região, muitos na
verdade são maridos ou filhos das empregadas, que o casal contratou há poucos
anos. Foi um duro golpe para Marie ver que dentre os doze guardas, cinco fogem com
seus parentes (e alguns espólios) ao ver a aproximação dos inimigos, e os
outros sete resolvem mudar de lado quando ouvem que seus patrões são “uma bruxa
e um vampiro”. Bruxa, a desculpa
perfeita para que aqueles homens “leais e obedientes” de antes, se achem no
direito não só de traí-la, mas também violá-la, para só depois entregá-la aos
invasores. Infelizmente para eles, Marie Winnicott tem uma espada, e sabe
usá-la muito bem.
Passados
alguns minutos, é com pesar que ela puxa a espada do peito do último dos traidores,
não esperava que o respeito e generosidade dela para com eles valesse tão
pouco. Sete corpos espalhados pelas escadas antes mesmo que os inimigos entrem.
Na verdade oito, pois uma das empregadas não reagiu muito bem ao encontrar o
corpo do marido pelo caminho, e decidiu que seria ela mesma a vingar seu amor. Não durou
muito. Quando os inimigos chegaram,
não houve resistência alguma para além de uma jovem surpreendentemente bela,
com uma espada em mãos e um coração determinado.
Ela
sabe que Adam faz o impossível lá fora, mas as vezes, mesmo o impossível é
insuficiente.